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Encaramos nosso lar como um lugar de descanso, segurança e paz não é mesmo? No entanto, você sabia que a maior parte das mortes de crianças entre 1 e 12 anos de idade acontece devido a acidentes domésticos? Quedas, sufocamentos, queimaduras, afogamentos e intoxicações que ocorrem acidentalmente dentro de casa são as principais causas de morte infantil no Brasil. De acordo com dados do DataSUS, do Ministério da Saúde, o país registrou 1.616 óbitos de crianças por acidentes domésticos nos anos de 2020 e 2021. Ao longo de 2022, houve registro de 23 mortes por dia no país, totalizando 8.600 óbitos.
Os perigos existem, mas em casa deixamos muitas vezes de gerenciar os riscos envolvidos em nossas atividades cotidianas. Por exemplo, ao tomarmos banho, certamente poucos de nós têm o pensamento de que estamos sobre um piso molhado e escorregadio e que aumenta e muito o risco e quedas.
Com o período das férias e a maior presença dos filhos em casa a dica é manter uma vigilância constante.
Em lugares públicos, os pisos costumam ter áreas marcações, lixas e são usadas placas de aviso para piso molhado. Em casa, a queda é a principal causa de acidentes graves, principalmente quando consideramos as crianças e os idosos. As principais vítimas de quedas são as crianças que estão começando a andar, pois a cabeça é muito pesada em proporção ao corpinho e os braços são curtos. É frequente que, durante quedas, as crianças acabem batendo a cabeça, sendo o trauma craniano o incidente mais comum na infância. É muito importante tomar medidas para proteger quinas, berços e ter muito cuidado com tapetes e degraus. Além disso, é fundamental manter uma supervisão constante e não permitir que a criança fique desacompanhada em locais mais elevados em relação ao chão.
A cozinha é um local de grande risco. As queimaduras estão em segundo lugar em acidentes domésticos e são o segundo trauma mais frequente na infância. As queimaduras por líquidos inflamáveis costumam ser muito graves e é importante não estocar estes líquidos em casa, como álcool líquido, querosene e gasolina (o estoque da última inclusive é proibido por lei). As queimaduras por chama em fogões, churrasqueiras e lareiras também apresentam um risco, embora, em alguns casos, devido à sensibilidade ao calor, as crianças possam evitar o contato. Ao contrário do que ocorre com os líquidos inflamáveis, que são traiçoeiros até para os adultos devido ao risco de explosão
As queimaduras por líquidos quentes, ou escaldos, também são muito comuns em crianças. Os principais responsáveis são água, café, leite e óleo. É importante entender que, do ponto de vista da criança, apenas os cabos das panelas e frigideiras costumam ser visíveis. Ao tentar alcançá-los e puxá-los, elas podem derramar os líquidos quentes sobre si. Outro tipo de queimadura é a provocada por superfícies quentes como ferro de passar e chapinha, que costuma causar lesões menores apenas na área que tocou a superfície.
Independentemente do tipo de queimadura o correto é lavar o local com água fria, cobrir com um pano limpo e seco e levar imediatamente a vítima ao atendimento emergencial. Nunca cubra a área de queimadura com produtos como pomadas, margarina, pasta de dente, entre outros. Esqueça as receitas caseiras! Elas apenas dificultam o atendimento da equipe de saúde.
Por fim, também devemos pensar nos riscos de cortes, ferimentos e esmagamentos. Para as crianças nossas casas estão cheias de perigos como os objetos cortantes na cozinha, além das TVs de tela plana, micro-ondas e guarda-roupas que podem cair sobre a criança e provocar esmagamento. Portões e portas também podem causar esmagamentos nos dedos e membros. E um risco que muitos não levam em consideração é o esmagamento pelo próprio carro da família na garagem.
Em todos estes casos a forma correta de socorrer a vítima é levar diretamente ao serviço de emergência ou chamar socorro especializado. Observando os casos percebemos que nossas casas, na verdade, não são ambientes muito seguros, sobretudo para uma criança pequena. Com o período das férias e a maior presença dos filhos em casa a dica é manter uma vigilância constante.
Ana Paula Weinfurter Lima Coimbra de Oliveira, mestre em ciências farmacêuticas e coordenadora de cursos de pós-graduação em saúde Uninter.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos