A partir do ano que vem, o cidadão que viajar com a família de Curitiba a São Paulo pela Rodovia Régis Bittencourt vai gastar pouco mais de R$ 8,00 em pedágio para um carro de passeio. São 400 km passando por seis praças de cobrança. Esta tarifa é resultado do leilão dos novos trechos de rodovias federais, já tão polêmico.

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Já quem pega o trecho entre Curitiba e Paranaguá, em um percurso de 100 quilômetros e com uma única praça de pedágio, desembolsa R$ 10,90. Esta é uma das 27 praças já instaladas nas rodovias federais. A comparação fala por si só e explica o motivo da polêmica.

Peço agora que o cidadão se coloque no lugar de um empresário de transportes rodoviários. Além das inúmeras taxas e impostos impingidos ao setor, o transportador que precisa cumprir um trajeto pedagiado diversas vezes ao mês desembolsa altos valores, que oneram consideravelmente o custo das cargas. Custo este que acaba refletido lá na ponta, nos produtos que chegam ao consumidor final.

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O que se pergunta é: como se justifica a diferença tão grande entre os valores dos pedágios anteriores e os novos? Qual a explicação para tamanha discrepância? A situação comprova que é possível implantar pedágio com preço mais baixo. E que os pedágios do Paraná estão com preços muito acima do justificável e suportável.

Posicionar-se contra a existência dos pedágios é remar contra a maré. Mas podemos, sim, reivindicar valores justos, a revisão dos antigos contratos com as concessionárias que operam atualmente, e ainda, a revisão da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Esta contribuição, não tão conhecida quanto a CPMF, está embutida na venda da gasolina e do diesel, e arrecada anualmente em torno de R$ 8 bilhões para os cofres públicos. Foi criada para sanar os problemas de infra-estrutura rodoviária. Mas, passados seis anos, não resolveu a situação. A cobrança continua e os montantes arrecadados vão sendo desviados para outros fins.

Fazer o quê? O cidadão em férias ainda pode optar por ir para o litoral de São Paulo e fugir do pedágio de Paranaguá. E os caminhoneiros e transportadores, que opção terão? Com a palavra, o poder público.

Fernando Klein Nunes é empresário e presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Setcepar).