A dor é um forte aliado do organismo em favor da medicina. Afinal, ela dispara o alerta de que algo está errado com o nosso corpo, dando as pistas para o diagnóstico de importantes doenças. Mas e o que podemos fazer quando a dor insiste em não ir embora? Ou quando a dor é a própria doença? A fibromialgia é um exemplo clássico entre as enfermidades que se encaixam nesse grupo.
Fibromialgia provoca dor generalizada, especialmente na musculatura. Além disso, são comuns o sono não reparador (aquele que não restaura as energias), cansaço crônico e alterações do humor.
Apesar de ser comum, afetando 2,5% da população no Brasil, especialmente mulheres, a fibromialgia ainda é motivo de muita desinformação. A paciente com fibromialgia tem dificuldades para explicar que as dores, as pontadas e queimações não são meras fantasias suas, mas sim uma situação real, causada por um aumento da sensibilidade à dor, que é a base da doença.
Mas como se desfazer dos estigmas e do preconceito e propiciar tratamento adequado ao paciente? Somente com a informação. Por esse motivo, uma mobilização vem envolvendo países nesta semana, quando se comemora o Dia Mundial da Fibromialgia.
Curitiba também integra esta rede multiplicadora para disseminar a informação. Aqui, uma caminhada será realizada neste sábado, no Passeio Público, a partir das 9 h, encerrando as atividades pela Campanha Nacional de Conscientização da Fibromialgia, que teve início no sábado, dia 8, na Boca Maldita.
O Grupo de Apoio aos Pacientes com Fibromialgia de Curitiba (FibroCuritiba) é a entidade sem fins lucrativos promotora dos eventos organizados na Boca Maldita e no Passeio Público.
A primeira ação do FibroCuritiba nesta semana teve como propósito fazer com que a comunidade soubesse o que é a fibromialgia. Mesmo no chuvoso e típico sábado curitibano, muitas pessoas compareceram a uma tenda armada pela entidade, onde foram apanhar material educativo, ouvir explicações médicas, contar suas histórias ou de conhecidos e familiares com a doença.
Os depoimentos das pessoas que compareceram à Boca Maldita evidenciaram que a fibromialgia merece ser tratada com maior atenção por parte da sociedade, dos médicos e da saúde pública.
Pessoas que apresentam sintomas de fibromialgia se queixaram de experiências frustrantes quando buscaram ajuda. Reclamaram de atendimento inadequado por parte de profissionais sem informação, que não valorizaram suas queixas de dores importantes, principalmente pelo fato de não haver um "exame" comprovando que o paciente tem o problema.
Vale lembrar que o diagnóstico de fibromialgia é clínico, e que com uma boa conversa e exame físico o paciente pode sair do consultório já com o diagnóstico e o tratamento adequados. Por outro lado, o que não é reconhecido pelo serviço de saúde provoca sérias implicações fora dele. A desinformação resulta na descrença de que o portador seja realmente vítima de fibromialgia, o que se estende entre familiares, amigos e no ambiente de trabalho, com graves implicações, de acordo com alguns pacientes.
A caminhada deste sábado terá por objetivo mostrar a importância do exercício físico, aliado aos medicamentos, no tratamento da doença. Mas servirá, especialmente, para refletir sobre o que foi relatado por pacientes no início das atividades. E, a partir daí, atrair a comunidade para que conheça o FibroCuritiba. Esse Grupo de Apoio é, na verdade, o refúgio onde os portadores procuram sair do isolamento, ganhar forças para enfrentar preconceitos, trocar experiências e conhecer novas terapêuticas que lhes tragam expectativas de melhor qualidade de vida.
Eduardo Paiva, reumatologista responsável pelo Ambulatório de Fibromialgia do Hospital de Clínicas da UFPR, é coordenador médico do FibroCuritiba
Serviço:
A Caminhada pelo Dia Mundial da Fibromialgia será neste sábado, dia 15, a partir das 9 h, no Passeio Público. Informações: fone 3333-6488