Ser mãe é uma das maiores dádivas que existe, mas também é um trabalho em tempo integral. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possuí cerca de 11 milhões de mães solo, número esse que cresce diariamente, e conciliar a maternidade com a vida profissional e pessoal é um desafio, especialmente quando falamos daquelas que criam seus filhos sozinhas. A falta de alguém para dividir os cuidados e necessidades dos filhos faz com que muitas mulheres questionem sua própria capacidade e acende o debate do que é ser uma boa mãe
Dentro da psicanálise Winnicottiana, a figura da mãe suficientemente boa é essencial para o desenvolvimento saudável da criança – trata-se da mãe cuidadosa e amorosa, que é base para a construção do senso de identidade e segurança emocional. Ele também menciona a mãe insuficientemente boa, aquela que espera que o filho se adapte as suas próprias necessidades, ao invés de atender as da criança.
De qualquer forma é importante enfatizar que a mãe suficientemente boa não precisa ser perfeita. Pelo contrário, é saudável deixar a criança experimentar a decepção e a falha que vem da mãe, pois isso ajuda a desenvolver a capacidade de lidar com o mundo real e a aprender a agir diante das frustações inevitáveis da vida. Momentos como estes estimulam a maturidade e a responsabilidade.
A maternidade é passada através de gerações – aprendemos com nossas mães e assim ensinamos aos nossos filhos. Não há um manual que ensine a agir nesses casos, mas uma das principais alternativas é o diálogo. Conversar e ser honesto contribui positivamente para o processo de escuta e permite uma relação mais sincera entre mãe e filho. Mas é sempre bom lembrar que a criança vendo, então é preciso dar o exemplo.
Uma boa mãe não é aquela que faz todas as vontades do filho, mas sim a que encontra o equilibro entre o “sim” e o “não”. Não é aquela que está necessariamente presente em todos os momentos, mas que sabe que as vezes é preciso se ausentar para oferecer um futuro melhor. A “mãe perfeita” não existe, mas a mãe boa é aquela de conversa, que olha, que escuta, e principalmente, que ama.
Cristina Navalon é psicóloga com formação pela Universidade Metodista de São Paulo com especialização em Psicanálise do Adolescente, Psicossomática e Doenças Mentais.
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