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No conceito adotado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), "floresta consiste de área medindo mais de 0,5 ha com árvores maiores que 5 m de altura e cobertura de copa superior a 10%, ou árvores capazes de alcançar estes parâmetros in situ, não consideradas terras predominantemente sob uso agrícola ou urbano”. De acordo com o documento Florestas do Brasil em Resumo, 2019, editado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Brasil dispõe de aproximadamente 500 milhões de hectares (59% do seu território) de florestas naturais e plantadas, respectivamente 57,31% e 1,16% da área territorial do país. Precisamente a segunda maior área florestal do mundo, atrás apenas da Rússia, o equivalente a 12% das áreas florestais do Planeta.
Em complemento à informação, o Relatório de Avaliação Global dos Recursos Florestais (FRA 2020), produzido pela FAO, aponta que a área total de cobertura florestal do mundo é de 4,06 bilhões de hectares, o que corresponde a 31% da dimensão geográfica do Planeta. Estas imensidões florestais proporcionam abrigo para a fauna, conservação dos recursos hídricos, produtos florestais madeireiros e não madeireiros, conservação da biodiversidade e do solo, estabilidade do clima e uma gama de valores culturais.
Áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa pelo mundo rural brasileiro compõem um mosaico ambiental relevante e de grande dimensão
No Brasil, estatísticas da Embrapa Territorial dão conta de que as áreas protegidas e preservadas agregam-se às de vegetação nativa das terras devolutas e militares, e dos imóveis rurais ainda não cadastrados ou disponíveis no CAR - Cadastro Ambiental Rural, um total de 632 milhões de hectares. Por conseguinte, 66,3% do território nacional está destinado e/ou ocupado com as várias formas de vegetação nativa, cuja natureza e estado variam bastante entre os diversos biomas em que o país se divide.
Segundo a FAO, o país perde apenas para a Rússia, que tem território duas vezes maior que o brasileiro e abriga 809,1 milhões de hectares. Proporcionalmente, porém, o Brasil preserva mais as florestas que os russos (62% contra 49%), atrás da Finlândia (73%), Suécia (69%) e República Democrática do Congo (68%). A conservação e o manejo de nossas florestas para a produção racional de bens e serviços de forma sustentável, contudo, permanece ainda um desafio e também uma oportunidade para toda a sociedade.
O Brasil se destaca no cenário internacional por suas extensas florestas nativas tropicais e pelo plantio de florestas homogêneas com espécies exóticas. Segundo dados da FAO, em 2015, o Brasil detinha 59% do território coberto com 493,5 milhões de hectares de florestas (naturais e plantadas), o que representa 12% do mundo. A maioria delas é natural (485,7 milhões de hectares), mas que muitas vezes não são exploradas de maneira sustentável. Segundo a Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO), entre 2010 e 2015, o Brasil reduziu em 984 mil hectares suas florestas naturais, o equivalente a 0,2% de sua área de florestas.
Áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa pelo mundo rural brasileiro compõem um mosaico ambiental relevante e de grande dimensão com as áreas protegidas do país: as unidades de conservação integral (parques nacionais, estações ecológicas etc.) e as terras indígenas. Conforme dados da Embrapa Territorial, os limites das unidades de conservação integral são conhecidos de forma circunstanciada. Elas protegem10,4% do território nacional e representam menos da metade da área dedicada à preservação pelo mundo rural, enquanto 600 terras indígenas ocupam 13,8% do país.
Os dados da Embrapa Territorial apontam que o total das áreas protegidas (unidades de conservação integral e terras indígenas), portanto, representam 206 milhões de hectares ou 24,2% do Brasil. A partir dos dados do CAR, a pesquisa da Embrapa também quantificou a dimensão territorial da contribuição da agricultura à preservação ambiental. Os produtores rurais brasileiros (agricultores, florestais, pecuaristas, extrativistas etc. cadastrados no CAR) preservam no interior de seus imóveis rurais um total de 218 milhões de hectares, o equivalente à superfície de 10 países da Europa.
Segundo o relatório sobre O Estado das Florestas do Mundo, elaborado pela FAO em 2022, o mundo precisa de soluções em escala que sejam rentáveis, equitativas e implementadas rapidamente, e as florestas é uma potência. As sociedades poderiam fazer melhor uso das florestas e das árvores para simultaneamente conservar, proporcionar melhor o bem-estar humano e gerar renda. Acrescentando, assim, a floresta em cadeias de valor verdes.
De acordo com o IBGE as áreas produtivas cultivadas de florestas plantadas desempenham um papel crucial na economia brasileira, representando uma fonte sustentável de recursos naturais e materiais. Por meio de práticas de silvicultura modernas e adaptáveis, essas áreas são gerenciadas para garantir a produção contínua de madeira, celulose e outros produtos florestais essenciais. Além de fornecerem matéria-prima para diversas indústrias, as florestas plantadas também desempenham um papel importante na mitigação das mudanças climáticas, contribuindo para a captura de carbono da atmosfera.
O Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas (PNDF), de 2024, aponta que a área abrangida por florestas cultivadas de produção no Brasil se aproximou de 10 milhões de hectares em 2022, denotando um aumento de 0,3% em relação à área do ano anterior, 2021. Ainda em 2022, o setor se destacou pela sua significativa contribuição para a economia e geração de empregos. Conforme dados da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), foram gerados 2,6 milhões de empregos diretos e indiretos. A receita bruta alcançou a marca de 260 bilhões de reais, impulsionada pela produção de 25 milhões de toneladas de celulose, 11 milhões de toneladas de papel e 7,0 milhões de metros cúbicos de painéis de madeira. Os números refletem a importância e o potencial do setor florestal, no âmbito da bioeconomia, para o desenvolvimento econômico e social do país.
Osiris M. Araújo da Silva, economista, consultor de empresas, colunista econômico e escritor, é membro da Associação Comercial do Amazonas (ACA).
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos