Em 3 de janeiro o Bitcoin atingiu novo recorde de preço: cotado a mais de US$ 34 mil, cerca de R$ 178 mil. Valores impressionantes para a primeira criptomoeda, que custava alguns centavos de dólar quando foi criada em 2009. Desde então o Bitcointeve uma ascensão vertiginosa, tornando-se um dos ativos mais bem sucedidos da história financeira.
Criptomoeda é uma forma de dinheiro digital, protegida por criptografia complexa, geralmente baseada na tecnologia blockchain. Uma das principais características das criptomoedas é que elas não são, em regra, emitidas por nenhuma autoridade central, ao contrário das moedas emitidas pelos bancos centrais de países. Essa descentralização faz as criptomoedas serem independentes de interferência e manipulação política.
Durante muito tempo os Bitcoins e as outras criptomoedas – já são milhares delas em circulação – foram predileção de nerds, hackers, programadores e entusiastas da tecnologia. Fortunas foram feitas, escândalos envolvendo fraudes ou cibercrimes apareceram nas manchetes dos jornais e a opinião geral ficava dividida entre os adeptos das criptomoedas, que se consideravam visionários, e o público e instituições financeiras tradicionais, desconfiados de que se estaria diante de uma fraude, pirâmide financeira ou, na melhor das hipóteses, mais uma bolha especulativa.
Este cenário começa a se transformar com a fome de Bitcoins que está surgindo entre os grandes investidores institucionais. Em plena pandemia de coronavírus os big players das finanças avançam sobre as criptomoedas. O banco de investimentos JPMorgan Chase lançou um documento, semanas atrás, em que afirma que o ouro vai perder espaço para o Bitcoin, um movimento que começou em outubro de 2020. É o mesmo banco que, há alguns anos, acusou o Bitcoin de ser uma fraude. Fato ainda mais significativo foi noticiado pelo The Wall Street Journal: a gigante de seguros MassMutual investiu US$ 100 milhões em Bitcoins, um sinal claro da aceitação das criptomoedas pelas empresas financeiras tradicionais.
O Bitcoin não está sozinho nessa ascensão econômica. O Ether, a segunda criptomoeda mais tradicional, iniciou um projeto de expansão da sua plataforma de blockchain (Etherium) e pretende ampliar a segurança, capitalização e fatia de mercado nos próximos anos. Para o projeto de expansão ser lançado era necessário um investimento inicial de milhões de dólares por parte dos proprietários de Ether. Os investidores foram avisados de que o dinheiro ficaria parado por um período indefinido, podendo ser superior a dois anos. Em poucos dias a marca foi atingida e, no momento da redação deste artigo, o equivalente a mais de US$ 2 bilhões foram depositados em Ether para fomentar o projeto. Em 5 de janeiro, a cotação de um Ether estava flutuando na casa dos US$ 1 mil dólares e o market cap global do ativo era de aproximadamente US$ 125 bilhões. Trata-se de um segundo lugar humilde. O market cap do Bitcoin está na faixa dos US$ 630 bilhões no início de 2021. Uma fatia de mercado maior que a da Coca-Cola, da Disney ou da Netflix, por exemplo.
A Forbes publicou recente artigo sobre a possibilidade de o Bitcoin se tornar um mercado de US$ 1 trilhão, mas não para por aí. O JPMorgan criou a sua própria criptomoeda. A S&P Dow Jones Indices lançará o primeiro índice de criptomoedas em 2021, o que pode ser um primeiro passo para a criação de um ETF composto de criptomoedas. E há rumores crescentes na deep web de que a China planeja lançar a sua criptomoeda estatal, uma mudança de paradigma para o país que criou obstáculos jurídicos para transações com Bitcoins e perseguiu mineradores do ativo.
Parte do sucesso das criptomoedas está justamente no fato de elas serem uma nova maneira de comercializar, pois são descentralizadas, desreguladas e totalmente virtuais, muitas vezes garantindo anonimato nas transações. A criação de criptomoedas estatais pode ir na contramão desta proposta libertária.
O fato principal é que as criptomoedas estão em ascensão na retomada da economia, superando seus recordes históricos de preço. Como os números citados acima demonstram, a fome por Bitcoins e outras criptomoedas está crescendo nos mercados. Esta nova classe de ativos apresenta riscos elevados, alta volatilidade e oportunidades de lucros extraordinários. Trata-se de um mercado gigantesco e em contínua expansão que os brasileiros devem conhecer e, se possível, aproveitar.
Ricardo Pontoglio é advogado e especialista em Relações Internacionais.
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