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Opinião do dia 2

Frutos da era JK

A era JK está na berlinda, por conta do sucesso da minissérie exibida pela Rede Globo de Televisão. Muito se tem falando sobre o carisma, a vida política, e realizações de Juscelino Kubitscheck quando presidente, mas sempre enfocando o lado polêmico e lendário desse governante que marcou época no Brasil.

Mas ninguém, ou quase ninguém, procurou ouvir os empreendedores, alguns deles ainda vivos e em atividade, que acreditaram nos ideais de desenvolvimento e modernidade de JK, cujo lema de campanha era "Cinqüenta anos em cinco".

A reboque dessa fase progressista e de otimismo na linha do "Brasil do futuro (já)", por meio do chamado Plano de Metas, que consistia em maciços investimentos nos setores de energia, transportes, alimentação, indústria de base e educação, sem contar a criação de um sólido parque automotivo, hoje consolidado e no qual o Paraná merece destaque, muitos pioneiros plantaram e fizeram germinar seus empreendimentos, cujos frutos estão amadurecendo agora, em pleno século 21.

Coincidentemente, encontro-me debruçado na produção de uma biografia em vida de um desses empreendedores. Trata-se de Dino Cattalini, um italiano naturalizado brasileiro, que, em 1956, recém-chegado da Itália, investiu todas as suas economias e plantou a semente da Irmãos Cattalini, hoje Cattalini Transportes, empresa que está completando 50 anos de existência – coisa, convenhamos, rara no cenário econômico atual, depois de tantos planos econômicos malsucedidos, crises políticas e reviravoltas no cenário mundial.

Ele é um desses pioneiros que acreditaram nos ideais e na política industrial de JK. Dino e outros tantos sonhadores demonstraram visão empreendedora, trabalho, determinação e persistência, sabendo explorar os nichos de mercado ainda incipientes no Brasil, quer fosse no segmento de transportes, quer fosse na construção de estradas, hidrelétricas e edificações verticais.

Para não ficar só nesse exemplo, em termos de Paraná, cito outro caso particularmente conhecido: o da Risotolândia Serviços de Alimentação, que também surgiu na década de 50, tendo por embrião o restaurante Risoto do Xaxim e que atualmente figura no ranking das principais empresas do setor de refeições para coletividades no país. Seu atual presidente, Carlos Antônio Gusso, embalado pelo clima de otimismo vigente, chegara a abandonar, ainda jovem, um promissor cargo numa grande instituição financeira para apostar nos sonhos desenvolvimentistas (para muitos inflacionário?!?...) de JK.

Tanto a Cattalini como a Risotolândia plantaram a semente e regaram seus empreendimentos e atualmente estão colhendo seus frutos maduros, já consolidadas como empresas e gerando benefícios ao Paraná e ao Brasil, por meio da geração de empregos, impostos e, sobretudo, renda – alguns dos ideais de JK.

Em decorrência das recentes e um tanto traumáticas guerras fiscais na busca de atrair novos investimentos, porém, alguns governos se esqueceram de dar a devida (e merecida) atenção a essas empresas genuinamente paranaenses, sobretudo nos campos político e econômico, de forma que possam continuar competindo nesses tempos de mundo globalizado.

Para os empreendedores citados acima, que servem apenas como casos exemplares e pontuais de áreas à época priorizadas pelas ações de JK, como transportes, energia e alimentos, o futuro se faz presente. Ou seja: aqueles cinco anos literalmente se transformariam em mais 50.

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