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Fusões e aquisições no ensino incluirão o Brasil na sociedade do conhecimento
| Foto: Pixabay

Há pouco mais de dez anos, a educação passou a ser vista não apenas como um dos principais setores da economia, em função de seu aspecto social, mas também como um dos mais promissores serviços quanto ao potencial de negócios. Essa tendência iniciou-se em 2007, quando ocorreu o primeiro processo de abertura de capital (IPO) na área, seguido por outras instituições de Ensino Superior.

Com os recursos advindos do mercado de capitais, faculdades e universidades privadas passaram a investir na aquisição de outras organizações do mesmo segmento. Nesse cenário, em 2008, foram registradas 53 aquisições, transformando o setor de educação no quarto maior em volume de transações.

No futuro, poderemos atender muito melhor à necessidade de transformar a educação em efetivo fator de inclusão social

Após esse primeiro período de investimento, as instituições de ensino continuaram aquecendo o volume de transações, mantendo o setor como um dos principais ramos em volume de operações. Considerando as transações realizadas entre 2008 até o primeiro trimestre de 2019, o setor de educação foi responsável por 294 transações de fusões e aquisições. Entretanto, devemos sempre ressaltar que, nesse elevado volume de negócios, as empresas de publicidade e editoras não estão enquadradas, mesmo que muitas delas possuam ou operem sistemas como os de livros e apostilas utilizados em escolas próprias ou vendidos para outras instituições da rede pública e privada. Analisando o ano de 2018, o setor de educação teve 29 operações de fusões e aquisições. Neste primeiro trimestre de 2019, temos um cenário bastante favorável e com uma perspectiva de manutenção de aquecimento na área educacional.

Estudo gerenciado pela KPMG, focado em fusões e aquisições, demonstra que 43% dos executivos do setor do ensino pretendem comprar outras instituições nos próximos 12 meses. Para financiar tais operações de expansão, a intenção é utilizar capital próprio associado a crédito bancário como principal fonte de recursos. Dados explicitam que investir na educação apresenta excelente retorno para todas as partes. Entretanto, os dirigentes de entidades do setor de educação precisam estar atentos às oportunidades que o mercado possui e manter adequados controles e registros contábeis, tributários e fiscais, de modo a permitir que sua instituição se torne atraente para um processo de fusão e aquisição. Grandes grupos investidores normalmente não adquirem negócios onde não haja controles que suportem os dados operacionais e financeiros.

Mesmo com essa perspectiva positiva de avanços, temos a sensação de que outros setores da economia recebem mais mudanças e avanços tecnológicos. Isso se reflete em um movimento disruptivo na área educacional e na forma com que as empresas operam. Esse é outro fator que demonstra as excelentes oportunidades no setor, tanto quanto avanços tecnológicos, bem como em agregar outras modalidades tradicionais, como escolas de idioma, ensino a distância e cursos que explorem o contraturno escolar.

Nesse contexto, concluímos que, no futuro, poderemos atender muito melhor à necessidade de transformar a educação em efetivo fator de inclusão social e desenvolvimento, como ocorreu em outros países. De acordo com pesquisa do IBGE, em 2016, 51% dos habitantes adultos, acima de 25 anos, tinham no máximo o Ensino Fundamental. Menos de 20 milhões haviam concluído o Ensino Superior. O acesso à universidade, seja em cursos presenciais ou a distância, deverá aumentar em consequência dos investimentos em fusões e aquisições. Tal avanço é decisivo para inserir o Brasil na chamada sociedade do conhecimento do século 21.

Marcos Boscolo é sócio-líder de Educação da KPMG no Brasil.

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