Matéria da Gazeta do Povo de ontem revela que quase metade das prefeituras paranaenses sofre com a falta de engenheiros qualificados para acompanhar e fiscalizar a execução de obras públicas. Pior do que isso, como não há profissionais dessa área, não são desenvolvidos projetos de relevância, o que impede que esses municípios recebam recursos da União para obras de grande aporte.
De acordo com o levantamento feito pelo Dieese, 45% das prefeituras do estado não têm nem ao menos um engenheiro contratado em seu quadro funcional. Outras 125 têm apenas um funcionário da área. Diante de tal cenário, as empresas contratadas para a execução de obras acabam encontrando brechas para executar serviços malfeitos ou, ainda, criarem aditivos desnecessários para o projeto inicial, o que consome mais verba dos cofres públicos.
A raiz do problema não é a falta de mão de obra qualificada, mas sim a baixa remuneração oferecida pelas prefeituras em relação à iniciativa privada. Um engenheiro recém-formado hoje chega a receber R$ 5 mil em uma empresa; já o poder público não paga mais do que R$ 2,5 mil. Isso claramente afasta os profissionais da área. Outro problema é a concentração de engenheiros nas grandes cidades. E esse não é um diagnóstico que afeta apenas a área da Engenharia. A Gazeta do Povo mostrou, em matéria publicada no dia 9 de junho, que os médicos estão concentrados em grandes centros e não se interessam por atuar em pequenas localidades, ou longe das principais capitais do país.
Esse quadro precisa ser alterado, pois para que a administração pública seja eficiente, como prevê a Constituição Federal em seu artigo 37, ela precisa ser planejada por profissionais capacitados das mais diversas áreas. Assim, as prefeituras carecem não apenas de engenheiros, mas de professores, advogados, médicos e contadores. É imperativo que a gestão pública seja profissionalizada, que conte com um corpo técnico capacitado para planejar e executar projetos. Essa é a melhor forma de evitar desperdício de dinheiro público e até mesmo controlar a corrupção, que são os ralos por onde escorrem as verbas públicas.
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