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Governança clínica: ética empresarial para os hospitais brasileiros

O modelo de gestão das empresas brasileiras tem se modificado nas últimas décadas, e na saúde esse cenário não é diferente. A gestão baseada nas melhores práticas de governança corporativa e clínica tem se tornado uma aliada importante para o desenvolvimento do setor.

A governança clínica, em especial, tem ganhado cada vez mais atenção nos hospitais brasileiros. Com origem do Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em Inglês), o conceito tem como foco principal iniciativas voltadas para a melhoria da assistência, utilizando como princípios os processos de qualidade e governança organizacional. De acordo com a definição do próprio NHS, a governança clínica "é um sistema através do qual as organizações são responsáveis por melhorar continuamente a qualidade dos seus serviços e a garantia de elevados padrões de atendimento, criando um ambiente de excelência de cuidados clínicos".

Para alcançar esses resultados, é importante que as instituições de saúde sigam alguns pilares importantes, como: efetividade da intervenção clínica, auditoria clínica eficaz e participativa, gestão eficiente do risco de eventos adversos, educação e treinamento de profissionais, desenvolvimento e pesquisa clínica e transparência em todos os processos. Parece simples, mas trata-se de uma mudança na cultura das instituições de saúde.

Os princípios de governança no Brasil ainda são muito recentes. O próprio Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) tem pouco mais de 15 anos. Na saúde, ainda estamos engatinhando nesse processo, mas o mais importante é que o primeiro passo foi dado e certamente essa é a tendência do mercado.

Outro ponto importante é que muitas vezes confunde-se governança com gestão. A má gestão ou a falta de gestão na saúde não pode ser atribuída à governança. As empresas que adotam os princípios de governança são geridas de maneira mais transparente e equilibrada, mas a prática de governança não resolve todos os problemas de gestão.

Entre as instituições que são membros da Anahp, a governança clínica é objeto de discussões há algum tempo. Alguns hospitais já aderiram à prática de maneira bastante madura, mas sabemos, no entanto, que essa não é a realidade da maioria das instituições de saúde no país, uma vez que, dadas as dimensões e disparidades regionais, o Brasil ainda precisa evoluir muito na qualidade e segurança do atendimento ao paciente.

Em 2011, cumprindo com um dos objetivos da entidade, de contribuir com a melhoria da qualidade da assistência à saúde brasileira, a Anahp publicou o Manual de Organização do Corpo Clínico, que apresenta em um formato objetivo e amplo as diretrizes para a construção de uma relação saudável e duradoura entre corpo clínico e hospitais. Em 2014, entendendo a complexidade do assunto e percebendo a necessidade de aprofundar a discussão, a governança clínica tem sido o tema principal dos eventos da Anahp. A discussão foi levada para diferentes capitais do país: o primeiro seminário ocorreu no Recife; o segundo, em Curitiba; e finalizaremos as discussões em 3 e 4 de dezembro, em São Paulo.

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