A economia brasileira passa por um momento delicado em que apresenta um baixo nível de crescimento e inflação sistematicamente acima da meta. O fraco desempenho econômico veio após a crise financeira internacional, mas fica cada vez mais evidente que os problemas internos são os principais responsáveis por isso.

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O segundo mandato do governo Lula foi um período em que não ocorreram reformas necessárias para manter o crescimento da economia e as políticas econômicas estavam voltadas para problemas de curto prazo, como fazer frente ao turbulento cenário internacional e manter o partido a frente do poder executivo federal. O bom desempenho econômico do segundo mandato do governo Lula foi decorrente, sobretudo, de reformas feitas no governo tucano e no primeiro mandato petista.

A falta de reação da economia brasileira ficou explícita a partir de 2011, quando as demais economias latinoamericanas já apresentavam um processo de recuperação, enquanto a brasileira ainda mostrava um fraco dinamismo.

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Mesmo com uma recuperação neste ano devido a uma série de medidas voltadas mais para o curto prazo, como redução dos juros, depreciação da taxa de câmbio, elevado volume de empréstimos ao setor produtivo via bancos públicos e redução de impostos de alguns setores, a previsão realizada pelo FMI é de que o crescimento da economia brasileira deve ficar acima apenas da Argentina e Venezuela no ano corrente, considerando todos os países da América do Sul.

O principal problema da economia brasileira atualmente é a falta de crescimento da produtividade. Esse fato aliado a um baixo desemprego faz com que estímulos econômicos tenham efeitos inflacionários, forçando o Banco Central a entrar novamente em um ciclo de elevação dos juros, o que pressiona a taxa de câmbio e prejudica o setor produtivo.

Por um lado, o governo federal vem adotando uma série de medidas para estimular a economia, elevando seus gastos e pressionando a inflação. Por outro, o efeito é forçar o Banco Central a elevar os juros para reduzir o nível de atividades e controlar a inflação. Adicionalmente, a elevação dos juros acaba tendo efeitos adicionais sobre as contas públicas.

Portanto, o atual governo deveria ter focado no que ele mesmo vinha enfatizando desde o início do mandato: austeridade fiscal, que além de permitir uma política de juros baixos de forma mais sólida, abriria espaço para maiores investimentos públicos em infraestrutura e também para redução da carga tributária de modo a estimular os investimentos privados.

O setor produtivo brasileiro, principalmente o setor de bens que são comercializados com outros países como, por exemplo, os produtos industrializados, vêm sofrendo duplamente com uma elevada carga tributária e uma infraestrutura deficiente. Cabe ao governo federal, através de reformas e políticas econômicas adequadas, solucionar essas duas restrições ao crescimento da produtividade e ao desenvolvimento da economia brasileira. No entanto, as medidas adotadas nos últimos anos estão indo em direção contrária.

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Luciano Nakabashi é doutor em Economia e professor do Departamento de Economia da FEA-RP/USP.