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Um tanque russo destruído na estrada na região de Kharkiv, Ucrânia, 01 de outubro de 2022.
Um tanque russo destruído na estrada na região de Kharkiv, Ucrânia, 01 de outubro de 2022.| Foto: EFE/EPA/OLEG PETRASYUK

No dia 24 de outubro, a guerra na Ucrânia entrará em seu oitavo mês. No total, são oito meses de surpresas, crueldades e desumanidades. Em fevereiro, quando o conflito começou, não era possível imaginar que o segundo maior exército do mundo enfrentaria tanta resistência. De moral elevada e armamento novo fornecido pela OTAN, os ucranianos têm não apenas repelido a invasão, como reconquistado áreas tomadas pelos russos.

Foi em resposta aos recentes avanços de Kiev, que o presidente russo convocou cerca de 200 mil reservistas para combater na Ucrânia. A convocação não apenas gerou protestos nas maiores cidades russas, mas também longas filas de automóveis na direção das fronteiras. O governo chegou a proibir que passagens aéreas fossem vendidas a homens em idade militar.

A Duma, o parlamento russo, aprovou uma lei que pode condenar a até 15 anos de prisão os críticos das ações militares russas. Para aqueles que se recusarem a lutar ou desertarem, a pena é de 10 anos de reclusão. Nesse contexto, os russos realizaram referendos de anexação nas regiões em disputa de Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson. Buscando “ouvir a vontade da população de tornar-se parte da federação russa”, os referendos obviamente fraudados tiveram resultados pró-Moscou.

Nessa escalada de tensões, vieram as ameaças nucleares: Putin, Sergey Lavrov – ministro das Relações Exteriores, Dmitri Medvedev – vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia e várias outras autoridades reforçaram que o uso de armas de destruição em massa é factível. O que inicialmente parecia um recado ao Ocidente, tem se tornado uma possibilidade próxima. Com mais de seis mil armas nucleares em seu arsenal, a Rússia pode lançar esse tipo de ataque se considerar que a sobrevivência do país está em jogo. O uso mais provável é das chamadas “armas nucleares táticas”, de menor potencial ofensivo e destinada a alvos específicos como cidades, batalhões ou bases militares.

Aliada fiel da Rússia, Belarus está deslocando mais de 70 mil homens para a fronteira com a Ucrânia. Ainda que Lukashenko afirme que não irá tomar parte na invasão, foi a partir de seu país que tropas russas tentaram tomar Kiev – o que segue sem ocorrer.

O que de fato aconteceu foi a maior crise de refugiados e de crimes de guerra na Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial. Investigadores das Nações Unidas já confirmaram que esses crimes existiram, e os recentes bombardeios a áreas civis, assim como as imagens de civis mortos com mãos amarradas às costas na cidade de Kherson, apenas confirmam o que já se sabia. Com a destruição de parte da ponte que ligava a Rússia à Crimeia, ocorrida no sábado, dia 8 de outubro, esses atentados e bombardeios a áreas civis se intensificarão, sob a sombra da ameaça nuclear. É mais uma demonstração não apenas do pouco apreço de Putin à vida humana, mas de sua disposição em levar essa guerra até as últimas e mais nefastas consequências.

João Alfredo Lopes Nyegray, doutor e mestre em Internacionalização e Estratégia, especialista em Negócios Internacionais, é advogado, graduado em Relações Internacionais e coordenador do curso de Comércio Exterior na Universidade Positivo. Instagram @janyegray.

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