Quem acompanha os noticiários sente grande desapontamento ante o elevado grau de “más notícias” para as quais há muitas manchetes. Os índices de violência se acentuam; os conflitos se enumeram; os contrastes entre grupos sociais e econômicos se sucedem; a corrupção parece campear; os princípios éticos parecem dissolver-se. Enfim, é impressionante o quanto se noticia do que não é bom. E quanta atenção às más notícias. Há até quem se pergunta se vale mesmo lutar pela justiça e pela verdade.
Deus age lá onde a bondade se torna opção e ação. O bem continua a ter chances
Com esta introdução não pretendo formular nenhum juízo crítico sobre opções ou rumos sociais e culturais. Isso já se fez o bastante. E o que vemos nas manchetes de hoje já tem uma longa história. Tampouco se pode ignorar o realismo dos dramas e contradições do nosso tempo. Quero, sim, lembrar àqueles que creem algumas possibilidades ilustradas pelo evangelho deste domingo (Mc 4,26-34). O texto é breve, compondo duas parábolas: a da semente que germina por si só e aquela da semente de mostarda.
Em algumas poucas linhas, a primeira parábola (4,26-29) recorda que o modo de Deus agir na história se assemelha à semente lançada sobre a terra. Ela germina, cresce e produz seu fruto, partindo de um dinamismo próprio. Há uma vitalidade interna que a move. Claro, o cultivador faz sua parte, mas não é ele o agente imediato. A semente já tem sua própria força. Comparativamente se pode vislumbrar que, embora haja muitas contradições na história humana, é também verdade quão grande é o bem que se faz por toda a parte. A “semente” não perdeu sua força. Embora pouco dela se fale, ela está presente. E não é preciso procurar muito para encontrar belas e humanizadoras experiências. O bem existe e, em silêncio, desempenha-se com a grandeza dos humildes. O evangelista nos sugere perceber que o Reino de Deus está em ato.
A outra parábola é aquela da semente de mostarda (Mc 4,30-32). É uma variedade usual no Oriente. Muito pequeno o grão, mas grande a planta. Por mais insignificante que possa parecer, aquela semente é portadora de uma grande notícia. Assim o amor, a bondade, a justiça, embora sem o esplendor e a magnificência dos emblemas de força e de poder, lá estão nas pessoas e fatos a testemunhar que há realidades que jamais foram suplantadas por potências malévolas. E bem próximo de nós há exemplos que se deixam ver. Voltando ao evangelho, Deus age lá onde a bondade se torna opção e ação. O bem continua a ter chances. A isso o evangelista chama de Reino de Deus.
Agora se pode voltar à pergunta título: há chances para o bem? Não se trata de uma hipótese especulativa, pois que as barbáries parecem desfigurar as esperanças. Enquanto houver quem queira ser “fonte” de graça e de gratuidade é como se a liberdade e a capacidade humana de amar “se emprestasse” a Deus para que seu reino esteja em ação. Vale aqui recordar um antigo provérbio: “Há mais virtude em acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão”.
Ainda cabe uma última reflexão vinda da parábola do grão de mostarda. É uma semente muito pequena, que se torna árvore. Até os pássaros abrigam-se à sua sombra (4,32). É a imagem do acolhimento espontâneo e sem pré-condições. É o bem que se difunde por si mesmo.
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