Desde o início da infância, as pessoas aprendem um conjunto de comportamentos que são utilizados nas diferentes interações sociais. Quando esses comportamentos mantêm ou aumentam os vínculos entre as pessoas, chamamos de habilidades sociais (HS). Atualmente, essas habilidades são muito mais valorizadas, tanto pela sociedade, quanto pelo mercado de trabalho. Não importa a área em que atuem, as empresas modernas exigem dos profissionais bom relacionamento em equipe, liderança, empatia, respeito, comunicação assertiva, entre outras habilidades.
As crianças pequenas frequentemente são ensinadas a manifestarem as habilidades sociais e emocionais chamadas de civilidade: dizer “por favor”, “obrigado”, pedir licença para entrar em uma situação ou conversa, resolver conflitos interpessoais utilizando o diálogo e a busca de compreensão da situação e do outro, entre outras. A literatura tem evidenciado que as habilidades sociais são aprendidas nas interações sociais – e que os educadores (pais e professores) devem intencionalmente buscar desenvolvê-las desde a primeira infância e, principalmente, na adolescência.
As empresas modernas exigem dos profissionais bom relacionamento em equipe
Em cada período da vida, diferentes demandas interpessoais vão acontecer. Na educação infantil, observa-se o início da comunicação; a nomeação dos objetos; expressar agrado e desagrado; fazer pedido; emprestar o brinquedo; expressar alegria ou tristeza; etc. No final da educação infantil e início do ensino fundamental, as habilidades de comunicação e outras habilidades socioemocionais vão sendo requeridas de forma mais elaborada. A criança não só precisa conseguir reconhecer e expressar alegria, tristeza, raiva, dor, como também terá que pedir para entrar na brincadeira, dizer ao amigo o que gostou e o que não gostou… também terá que desenvolver as habilidades acadêmicas de fazer pergunta, expressar opinião, aceitar as ideias dos colegas, trabalhar em grupo, etc. Na adolescência, os desafios interpessoais de estar em grupo, ter amigos e estabelecer relacionamentos afetivos. E assim, sucessivamente, nas outras etapas do ciclo de desenvolvimento humano, diferentes situações vão demandar habilidades socioemocionais que poderão ser aprendidas desde a primeira infância e poderão ser aprimoradas, desde que os diferentes educadores estejam atentos e dispostos a se envolver nessa formação.
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Desta forma, a família e os demais educadores, nos diferentes espaços escolares e não escolares, vão assumir um importante papel de ensinar essas habilidades socioemocionais a crianças e jovens para que eles consigam conviver na sociedade de forma autônoma, proativa e ética. Esses agentes educativos podem proporcionar aos estudantes um desenvolvimento socioemocional sadio e que os habilite para lidar com as demandas da vida – diminuindo os casos de depressão e outros problemas psicológicos na adolescência e vida adulta. Os estudos nessa área têm evidenciado que pais e professores precisam desenvolver um conjunto de habilidades sociais, chamadas de educativas, para que eles sejam formadores dentro dessa perspectiva do desenvolvimento socioemocional de crianças e jovens.
Andréa Regina Rosin Pinola, pedagoga e psicóloga, é mestre em Educação Especial e doutora em Psicologia e pós-doutora em Ciências do Comportamento. Coordenadora da Pós-Graduação EAD em Habilidades e Competências Socioemocionais na Educação Básica da Universidade Positivo.