Um dos pontos centrais no debate travado ao longo das últimas eleições foi o desempenho da economia brasileira. Comparações foram feitas, dados foram apresentados, verdades, meias verdades e mentiras foram direcionadas aos eleitores que muitas vezes se viram face a face com números tão distantes da realidade que parecia que estavam falando de outro país. Mas, afinal, passada a visceral campanha vivida por todos nós, qual é o desempenho do atual governo Dilma na economia?
O crescimento da economia, por exemplo, é um dado essencial para avaliarmos o desempenho de um governo. A média de evolução do PIB no governo Dilma que se encerra no próximo mês deverá ser de 1,63%. Um crescimento medíocre se comparado a qualquer parâmetro, seja os governos brasileiros passados, seja outros países no mesmo período. Para termos uma ideia do pífio desempenho da economia brasileira nos últimos quatro anos, a média de elevação do PIB entre os anos de 1940 e 2000 foi de 5,35%. E, na década passada, o crescimento médio do PIB brasileiro foi de 3,6%. Se compararmos com países da América Latina, somos um dos lanternas no crescimento.
Nas contas públicas, o desempenho não foi diferente. O déficit nominal nos últimos 12 meses até setembro foi o maior desde 2003. Os números são bem piores, já que o Tesouro adiou para novembro o pagamento de precatórios e a compensação do crédito subsidiado bancado com a emissão de dívida pelo Tesouro. Mais um exemplo da contabilidade criativa e deletéria deste governo.
Outro equívoco monumental do atual governo é o tratamento dispensado à indústria. O ex-ministro Delfim Netto, em entrevista à Folha de S.Paulo recentemente, foi taxativo: "O governo tem de reconhecer: eu destruí um setor. Ponto final". É a desindustrialização causando prejuízos enormes à nossa indústria, precarização dos empregos, falta de investimento e perda de competitividade.
Poderíamos avançar, falando da leniência com a inflação no topo da meta; do descumprimento da proposta de superávit primário; do descontrole nas contas externas; do aumento da dívida pública, enfim, são inúmeros exemplos negativos que o atual governo coleciona na economia e que servirão de herança maldita para o próximo governo da presidente Dilma.
O período pós-eleitoral nos trouxe mais surpresas desagradáveis: aumento na Selic, autorização de reajuste nos preços da energia e dos combustíveis, aumento do desmatamento da Amazônia, déficit recorde nas contas públicas, enfim, medidas tomadas e indicadores revelados ao sabor dos interesses da candidatura oficial. Tudo feito para não atrapalhar a reeleição. Tudo feito para enganar o povo brasileiro.
Para o bem de nosso país, esperamos que o governo que se inicia faça tudo diferente do que o triste governo que se encerra.
Rubens Bueno é deputado federal e líder do PPS na Câmara Federal.
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