Para haver mudanças políticas radicais na vida do país, todos devem conhecer bem seus possíveis candidatos, saber de suas fichas, da sua trajetória de vida pessoal e do seu currículo político
Um velho índio Cherokee contava a seu neto em confidência: "A luta está acontecendo dentro de mim. É uma luta terrível e é entre dois lobos. Um é mau ele é a raiva, a inveja, a tristeza, o desgosto, a cobiça, a arrogância, a autopiedade, a culpa, o ressentimento, a inferioridade, as mentiras, o orgulho falso, a superioridade e o ego". Ele continuou: "O outro é bom ele é a alegria, a paz, o amor, a esperança, a serenidade, a humildade, a bondade, a benevolência, a empatia, a generosidade, a verdade, a compaixão e a fé. A mesma luta está acontecendo dentro de você e dentro de cada outra pessoa, também". O neto pensou naquilo por alguns minutos e perguntou ao avô: "Qual lobo vai vencer?" O velho Cherokee simplesmente respondeu: "O que você alimenta".
Essa luta dos lobos aplica-se, não somente à luta interior de cada pessoa contra seus próprios egoísmos, mas também à vida política, ao embate entre os que promovem o bem comum, e os que se aproveitam do sangue alheio. Nesse sentido verifica-se que, na política, o homem torna-se o lobo do homem, tal como as ações injustas dos detentores das posições de mando da Assembleia Legislativa do Paraná, pois verifica-se que levantam barricadas, com os meios mais escusos para manter seus redutos de perfídia.
Os políticos maus, já definidos como "os capazes de tudo", empregam todos os artifícios para obstaculizar a ação do Ministério Público, lançam cortinas de fumaça, porém não há mal que permaneça para sempre. Já é chegada a hora da extinção desses seres que sugam, exaurem e são o peso morto da sociedade. Nesse momento é necessária a vontade determinada, para reunir as forças mais profundas e legítimas da cidadania, com o heroísmo das grandes nações, e enfrentar inimigo tão nefasto. Necessário se faz congregar os esforços para a higienização da Assembleia Legislativa. Podemos gritar: limpeza, limpeza já!, a fim de estarmos à altura do momento político paranaense e ser uma referência para outros estados brasileiros.
A escolha minuciosa dos futuros deputados estaduais, nas eleições que se avizinham pode, através do voto consciente, estancar o parasitismo do político corrupto. Que lobo vencerá? Aquele que os cidadãos conscientes alimentarem, e com certeza se renovará o quadro político proximamente, porquanto, o atraso do Paraná, se mede hoje, pela morbidez dos políticos incrustados na Casa do Legislativo.
Vale a pena aperfeiçoar o processo de construção do voto consciente. Ele se dá por meio da informação e do trabalho investigativo de cada cidadão. O desconhecimento das atitudes dos deputados instalados na Assembleia Legislativa é o que permite que tais lobos sejam alimentados pelo cidadão de boa-fé. Para haver mudanças políticas radicais na vida do país, todos devem conhecer bem seus possíveis candidatos, saber de suas fichas, da sua trajetória de vida pessoal e do seu currículo político. Em uma palavra, exige-se de todos a escolha esclarecida e responsável dos candidatos e a participação e envolvimento dos meios de comunicação e das classes representativas da opinião pública. Esse é o imperativo do bem comum.
Há algum tempo o filósofo Gomez-Perez afirmava que "o vício, a longo prazo, nunca é rentável e se, a curto prazo, não se nota muito, é por causa da condição de parasitismo que se reveste o vício, isto é, o vício se aproveita da situação majoritariamente virtuosa". Também destacava que "a atuação viciosa somente pode contribuir, a médio e longo prazo, para aumentar a desordem e a ineficácia". Concluía que somente a atuação virtuosa é capaz de organizar a vida social de forma sustentável, porquanto o comportamento vicioso provoca apenas prejuízo social e destruição de riqueza.
No momento atual constata-se que os deputados estaduais paranaenses estão perdendo a grande chance da tomada de posição em relação aos ilícitos cometidos e acobertados na Assembleia Legislativa. A história irá cobrar-lhes essa responsabilidade.
Atribui-se a Abrahan Lincoln o pensamento de que se "pode enganar a todos por algum tempo, pode-se enganar alguns por todo o tempo, mas não se pode enganar a todos, todo o tempo". O mesmo se aplica à atuação criminosa que se está presenciando naquela Casa. Os deputados estaduais podem enganar a população por um pouco de tempo, e enganarem, por muito tempo, uns poucos ingênuos, porém a realidade é que a sociedade paranaense está se erguendo vigorosamente e clamando com brados fortes: Limpeza! Limpeza já! Podemos dar esse recado nas próximas urnas! Por que não?
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Paulo Sertek, doutor em Educação pela UFPR, é autor de Responsabilidade Social e Competência Interpessoal, Empreendedorismo e Administração e Planejamento Estratégico. paulo-sertek@uol.com.br
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