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É chegado o momento de os professores recuarem e voltarem as suas escolas. O sentimento não é de vitória, mas de reflexão. A truculência e a discriminação que foi deferida pelo governo atingiu a alma dos funcionários públicos do estado do Paraná. Para essa violência não há cura imediata, a agressão física e moral imortalizou um sentimento de indignação e de repúdio, marca indelével no coração de cada educador. Por outro lado, tudo o que aconteceu expôs as vulnerabilidades do governo paranaense, representante respeitável de um grupo político importante no país. As ações usadas para o enfrentamento, em momentos difíceis e de crise, permitiram que o governante fosse flagrado desrespeitando direitos humanos consolidados, usando do maquiavelismo para atingir ou seus objetivos.

Caberia aproveitar essa massa de educadores para fazer uma revolução na educação do Paraná

Foi uma luta árdua diante de um governo arrogante, narcisista e obstinado a imputar aos seus funcionários toda a responsabilidade pelos seus equívocos e omissões administrativas. O funcionalismo, em greve, soube dar respostas adequadas às imposições desse governo. Houve situação em que foi preciso usar de ousadia como a ocupação da Assembleia Legislativa, impedindo, dessa forma, a usurpação integral do fundo previdenciário, mantendo direitos conquistados há décadas; em outros momentos, as mobilizações foram ocasiões importantes de exercício de cidadania, ocorrendo protestos, reivindicações. Mesmo não tendo o direito legal de recomposição salarial atendido, a categoria optou pelo retorno ao trabalho por entender que os prejuízos poderiam ser muito maiores do que os ganhos. Não obstante a tudo que foi vivenciado, houve aprendizado. Foi um momento histórico importante, apartidário e de exercício de cidadania. Não foram só os professores e funcionário públicos que saíram mais fortalecidos, mas toda a sociedade paranaense e brasileira.

Outras lutas virão. Os desafios do cotidiano das escolas paranaenses impõem que os governantes exerçam, mais do que nunca, um protagonismo que vise solucionar os problemas de gestão educacional, a carência de infraestrutura, o uso modesto das novas tecnologias no ambiente escolar etc. Há uma necessidade de profissionalização do cargo de direção de escola, os profissionais da área pedagógica devem intermediar e articular as ações educacionais de cunho inter e transdisciplinar. O protagonismo e o empreendedorismo devem estar constantemente presente nas práticas educacionais.

A sociedade paranaense espera que os principais sujeitos envolvidos no processo educacional do estado possam, depois desses lamentáveis incidentes, atuar de uma forma diferenciada, e que novas metodologias possam ser utilizadas para que os gargalos na gestão educacional sejam superados. Aos excelentíssimos governantes, caberia aproveitar essa massa de educadores para fazer uma revolução na educação do Paraná.

José Airton Germano da Silva, especialista em Gestão Educacional, é professor da rede pública estadual.
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