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Medir e aumentar a produtividade do trabalho nos dias atuais tem se tornado uma atividade cada vez mais complexa para as organizações, independentemente do seu porte ou segmento. Afinal, seja para lidar com problemas urbanos, como a mobilidade em grandes cidades e as restrições de espaço, ou para promover a qualidade de vida de seus colaboradores, mais e mais empresas têm adotado soluções como o home office e horário flexível. De acordo com a consultoria Top Employers Institute, 14% das organizações brasileiras já têm programas formais de home office.

Com a expansão das redes de comunicação e a popularização dos dispositivos portáteis, o home office tem avançado em termos de aplicação, permitindo que os colaboradores realizem suas atividades parcial ou integralmente de casa ou em outros lugares. Mas como migrar do modelo antigo de se avaliar a contribuição de um colaborador com base no número de horas "visivelmente" trabalhadas, quando se tem, na prática, pessoas que não estão mais fisicamente presentes no local de trabalho ou que têm horários de trabalho flexíveis e diferentes daqueles de quem as supervisiona?

Muitas empresas ainda calculam seu índíce de produtividade do trabalho considerando as receitas, os serviços realizados ou os produtos gerados/comercializados, conforme o perfil, divididos pela quantidade total de horas trabalhadas no escritório, em um determinado período. No entanto, será que o número de horas sentado em uma cadeira ou à disposição na fábrica, ignorando-se as novas modalidades de trabalho, estão, de fato, medindo adequadamente a produtividade?

Diante da nova realidade, já há empresas que têm deixado de focar no número de horas trabalhadas em si e dado a devida atenção à contribuição efetiva de seus colaboradores ou de suas equipes no que tange ao desempenho organizacional. Isso tem exigido maior maturidade profissional, tanto de quem avalia o desempenho quanto de quem é avaliado. Tal modalidade de trabalho pressupõe comprometimento, total alinhamento entre pessoas e áreas, transparência dos objetivos, metas e resultados, confiança mútua e completo domínio de competências ligadas a dar e a receber feedback.

O pensamento de que o funcionário que chega mais tarde e sai mais cedo do trabalho é necessariamente o menos produtivo cai por terra, já que o número menor de horas trabalhadas não significa pior desempenho operacional, menor qualidade dos serviços realizados ou da contribuição para os resultados da empresa. Pelo contrário, há casos em que muitas horas de trabalho consecutivas levam a um pior desempenho operacional, bloqueiam a criatividade do colaborador e desenvolvem um desequilíbrio na vida de cada um deles, seja nas horas que passa com sua família ou vai ao cinema com amigos.

Para acompanhar essa mudança de realidade, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) brasileira teve de se adaptar. A Lei 12.551, assinada em 2011, passou a garantir direitos iguais para trabalhadores remotos e locados nas empresas. Isso mostra que o home office deixou de ser tendência e veio para ficar.

O desafio está lançado e as empresas precisam rever sua gestão e as formas de avaliar o desempenho e medir a produtividade, observando mais o comprometimento individual e a respectiva contribuição aos resultados obtidos do que o número de horas fisicamente presentes na organização.

Jairo Martins é superintendente-geral da Fundação Nacional da Qualidade.

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