O emprego industrial manteve-se estável em outubro pelo terceiro mês consecutivo. Foi o que mostrou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado preocupou analistas, que alertam para o risco de estagnação no emprego industrial. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) não descarta a possibilidade de queda no número de vagas na indústria, nos próximos meses.
O consultor do Iedi, Rogério Souza, observou que, na mesma pesquisa divulgada ontem, o IBGE apurou uma queda de 0,8% no número de horas pagas na indústria em outubro contra setembro a segunda retração consecutiva, e mais forte do que a apurada no mês anterior (-0,4%). Para o especialista, o recuo nas horas pagas já sinaliza futuros resultados negativos no pessoal ocupado na indústria. "A perspectiva para o emprego industrial não é boa. Não estamos vendo nenhum dado que possa alterar o atual cenário, nos próximos meses", afirmou.
Menor dinamismo
Na avaliação do economista da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo, o desempenho reflete o menor dinamismo da indústria brasileira entre o segundo e o terceiro trimestres. Mesmo com o resultado ruim na indústria, a manutenção de vagas no setor foi alavancada pelo bom cenário industrial em São Paulo, que representa 35% do total do emprego industrial do país, e pela continuidade no ritmo das contratações em máquinas e equipamentos e na indústria automotiva.
Quando questionado se o comportamento do emprego industrial nos últimos meses poderia sinalizar uma tendência de estagnação no número de pessoas ocupadas na indústria, o técnico do IBGE foi cauteloso. Ele comentou ser ainda muito cedo para fazer uma conclusão como esta. "Não é possível analisar tendência no emprego industrial sem comparar com a evolução da produção industrial. Precisamos acompanhar os rumos da produção para saber como vai se comportar o emprego", comentou.
Acomodação
No entanto, a possibilidade de acomodação no emprego já é dada como certa para outros especialistas. Para os analistas Bernardo Wjuniski e Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências, a acomodação das contratações na indústria deve se manter nos próximos meses. "Vale ressaltar que novembro, dezembro e janeiro é um período em que a sazonalidade das contratações no setor é de baixa, e é caracterizado por muitas demissões de trabalhadores temporários e pelas férias coletivas em alguns setores", escreveram os especialistas, em relatório.