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Ignorar a biologia não a torna menos real

 | Harry How/AFP
(Foto: Harry How/AFP)

Imagine que eu me declare rei. Você deveria ser obrigado a se dirigir a mim usando “Vossa Majestade?” Você me diria: “Williams, você pirou! Não tem como provar essa maluquice”. Errado: a prova é minha autodeclaração.

Pois isso não é diferente de uma pessoa nascida com cromossomos XY que declare ser uma mulher.

O sistema “XY” de determinação sexual é encontrado em humanos e na maioria dos outros mamíferos. As fêmeas normalmente têm dois cromossomos sexuais do mesmo tipo (XX), o que faz delas o “sexo homogamético”. Os machos normalmente têm dois tipos diferentes de cromossomo sexual (XY), e são chamados “sexo heterogamético”.

Os governos estão começando a ignorar a biologia e permitir que as pessoas transformem seu sexo em algo opcional. O sexo pode ser alterado na certidão de nascimento, no passaporte, no cartão de seguridade social, na carteira de motorista. Em Nova York, a recusa – intencional ou repetida – em usar o nome, título ou pronome de tratamento preferido de uma pessoa é uma violação da Lei de Direitos Humanos da Cidade de Nova York. Se uma pessoa nascida com cromossomos XY diz ser uma mulher, então tratá-la repetidamente pelo nome em sua certidão de nascimento, referir-se a ela como “ele” ou dirigir-se a ela como “senhor” viola a lei, com punições duras para o vilão agressor.

A lei, então, exige o reconhecimento de que o sexo é algo opcional, em vez de uma determinação biológica.

As pessoas que defendem o caráter opcional do sexo também defendem o caráter opcional da idade?

As pessoas que defendem o caráter opcional do sexo também defendem o caráter opcional da idade? Minha certidão de nascimento diz que nasci em 1936. Restrições de idade me impedem de ter certos trabalhos, como policial, soldado ou bombeiro. Se alguém pode mudar seu sexo na certidão de nascimento de acordo com o que sente, por que não mudar a idade? Acho que vou solicitar que meu ano de nascimento mude para 1972.

O Super Bowl LIII fez história. Pela primeira vez, houve dois homens junto com o time de cheerleaders – no caso, dos Los Angeles Rams. Homens em campo com mulheres cheerleaders não são novidade, pois eles ajudam as garotas com as acrobacias. Mas Quinton Peron e Napoleon Jinnies dançaram com as cheerleaders e fizeram as mesmas coreografias delas.

É bacana ver essas barreiras caindo para cheerleaders, mas existe uma outra forma de discriminação cruel nesse ramo que ainda precisa cair. Acho que nunca vi uma cheerleader mais velha, ou menos magra, em nenhum time profissional. A maioria parece ter menos de 30 anos e não passa dos 54 quilos.

Há outras formas de discriminação nos esportes. Há ótimas razões para separar os sexos no futebol, no boxe, no basquete, no hóquei no gelo. Os homens são normalmente mais fortes e maiores que as mulheres; a integração nesses esportes poderia levar a contusões graves e até à morte de atletas mulheres.

Mas e nos esportes sem contato, como tênis, boliche, sinuca, natação? Por que deveria haver times masculinos e femininos? Por que as feministas não estão protestando contra esse tipo de discriminação no esporte? Afinal, elas têm ignorado as diferenças enormes em força, agressividade e competitividade entre homens e mulheres quando se trata de pedir que elas façam parte de unidades militares de combate.

Negar-se a aceitar as diferenças cromossômicas e dar às pessoas o direito de decidir seu sexo pode levar a oportunidades jamais imaginadas. O homem mais rápido do mundo corre os 100 metros rasos em 9,58 segundos. A mulher mais rápida corre em 10,49 segundos. E se um corredor cujo desempenho fica na casa dos 10 segundos alegasse ser uma mulher, corresse na disputa feminina e levasse o ouro? No basquete feminino, pode-se conseguir fama e fortuna com uma estatura menor. Bastariam uns poucos homens altos que digam ser mulheres para dominar o jogo.

Imagine que uma faculdade desse a seus estudantes o direito de se libertar do determinismo biológico e permitisse aos alunos com cromossomos XY que jogassem em times anteriormente formados só por alunas XX. E se um time de basquete “obscurantista” se recusasse a enfrentar uma equipe cujas titulares fossem cinco pessoas XY de mais de 2 metros de altura e pesando mais de 90 quilos? A National Collegiate Athletic Association deveria ter uma regra determinando que a recusa a jogar contra um time cromossomicamente misto resulta em derrota por WO. Não é nada diferente de um time com jogadores brancos se recusar a enfrentar um adversário com jogadores negros.

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