A adoção de um supercomputador para recomendar ao médico, em segundos, as melhores opções terapêuticas para pacientes com câncer é a mais nova conquista que o progresso e a tecnologia trouxeram para a nossa saúde. Todas as atenções estão voltadas para a iniciativa pioneira do Hospital do Câncer Mãe de Deus, em Porto Alegre. Em segundos, ter-se-á acesso ao que há de mais moderno, e quem sabe eficaz, para o doente que procura o seu melhor tratamento, conforme promete a empresa responsável pelo desenvolvimento da tecnologia.
O sistema do computador fornece uma lista dos tratamentos considerados os melhores para cada tipo de caso com informações úteis, ricas, atualizadas e fundamentais. É importante compreender que o computador tem a função de indicar tais tratamentos, pois o papel da recomendação será sempre do médico e o tratamento será de escolha final do paciente. Mas sem essa ferramenta, muito possivelmente, o paciente não iria obter, ou, se conseguisse, demoraria muito tempo até o médico ter acesso a todas essas informações.
Outro cuidado importante será o protocolo de atendimento com o uso desse recurso. Com isso, há condições de analisar o impacto psicológico dessa nova técnica nos pacientes.
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Afinal, ao se ler a notícia, cria-se a expectativa de que a ferramenta tecnológica venha a ser usada de uma maneira humanizada e “especial” por parte dos médicos. Claro que muitos pacientes irão receber essa nova ferramenta com boa aceitação, com total gratidão, respeito, acolhimento e muita esperança. Porém, alguns, se estiverem mais fragilizados, mais resistentes, menos receptivos, podem enxergar de uma outra maneira. É aí que entra a relação “especial” do médico com a técnica e com o paciente.
O paciente pode não enxergar a inteligência embutida dentro da máquina como algo extremamente avançado, moderno, que só veio para agregar o seu tratamento. Ele pode se sentir inseguro, por não confiar que um “programa” poderá gerar o seu melhor tratamento. Pode julgar como algo superficial, insensível, por não se tratar de humano para humano, e sim por uma máquina.
Por isso é necessário uma boa e franca conversa do médico com seu paciente, a fim de acolhê-lo, coisa que a máquina não poderá fazer. Transmitir as informações colhidas através do sistema de uma forma explicativa e segura.
Essa ferramenta facilita ainda mais o que hoje em dia os médicos vêm priorizando, o tratamento individualizado.
O único cuidado a ser tomado é não deixar isso se tornar ambíguo. Se é individualizado, tem de ser humanizado e acolhedor. E não deixar a “frieza” do sistema tomar conta da relação médico-paciente.