O processo de crescimento e desenvolvimento econômico de um país ou região ocorre com a acumulação de vários tipos de capital. Na teoria econômica, inicialmente, a maior ênfase foi dada ao capital físico, que ocorre via investimentos em máquinas, equipamentos, infraestrutura, construção e ampliação de plantas produtivas, entre outros. Em seguida, surgiram as teorias sobre a relevância do capital humano que enfatiza o investimento na saúde e na qualificação das pessoas como elemento essencial no processo de crescimento econômico, pois afeta a produtividade dos trabalhadores, além de estimular a geração e difusão de tecnologia. Mais recentemente, o capital social vem ganhando importância na análise econômica, apesar do termo ter sido explorado em outras ciências sociais desde a primeira metade do Século XX.
O capital social é derivado das interações e rede de contato das pessoas, o que ajuda em uma alocação eficiente de recursos visto que ajuda na melhora da colocação profissional de acordo com as características das vagas de trabalho e qualificação dos indivíduos, na difusão de conhecimento e tecnologia pelo maior nível de interação de pessoas, na redução de custos de transação pelo maior nível de confiança entre as pessoas, entre outros aspectos que podem estimular a economia.
O capital emocional é um conceito relacionado à resiliência e estabilidade emocional das pessoas diante das dificuldades enfrentadas no cotidiano. Ele é crucial no processo de crescimento econômico, pois permite que as pessoas alcancem seu potencial e fiquem próximo dele ao longo da vida produtiva. Adicionalmente, uma sociedade com elevado nível de capital emocional favorece a acumulação de capital humano, pois crianças mais resilientes e com maior fortalecimento psicológico estão mais preparadas para absorver o conteúdo ensinado em sala e estudar fora do horário de aula.
Para o desenvolvimento do capital emocional de uma nação, é preciso que as crianças cresçam em ambientes seguros, seja no lar, na escola ou em outros que elas permaneçam ao longo da infância e juventude. É fundamental que as crianças tenham pessoas que cuidem do seu bem-estar e em que possam confiar. A interação social de qualidade e frequente também ajuda na formação do capital emocional, o que mostra a sua associação com o capital social.
Portanto, um fator essencial para o crescimento econômico e melhora de indicadores sociais é investir cada vez mais nas crianças, mas não somente na melhora da qualidade do ensino. É preciso investir na melhoria da qualidade do ambiente escolar e familiar, treinando professores e dando o suporte para os pais para que as nossas crianças possam crescer com saúde física e mental de forma que elas consigam aproveitar o potencial que possuem e criar resiliência para as dificuldades da vida. A pobreza geralmente está associada a ambientes familiares e escolares mais desestruturados,conflituosos e com maior frequência de abusos. Dessa forma, políticas para a redução da pobreza também vão no sentido de se elevar o capital emocional de uma sociedade no longo prazo.
Dessa forma, devemos refletir sobre o ambiente em que nossas crianças estão inseridas no presente, pois o futuro de nosso país, em termos econômicos e sociais, depende, em grande medida, disso.
Luciano Nakabashi é doutor em economia e professor associado da FEARP/USP.
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