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Inclusão escolar: capacitar educadores para autistas é urgente

(Foto: Caleb Woods/Unsplash )

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A inclusão e presença de alunos autistas no sistema de ensino regular é um direito garantido pela Lei 13.146, de julho de 2015, e uma medida essencial para promover a igualdade de oportunidades. No último Censo Escolar, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), observamos que essa inclusão tem aumentado. Em 2022, os estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) somavam 429.521 pessoas; em 2023, houve um acréscimo de 206.681 novos alunos com essa condição, representando um aumento de 48,1% em um ano, um total de 636.202 alunos autistas. De 2019 a 2023, o índice de crescimento foi de 257%.

A escola pública desempenha um papel fundamental na inclusão de crianças e adolescentes autistas no ensino regular, especialmente quando muitas instituições da rede privada negam a matrícula, sob a justificativa de que não estão preparadas para atender esses alunos. Há uma lacuna na capacitação de toda a comunidade escolar, e a falta de preparo dos educadores para atender às necessidades específicas desses alunos é um dos principais desafios para uma educação inclusiva e justa.

Sem treinamento adequado, esses profissionais da educação básica, que somam 1,9 milhão na rede pública e 565 mil nas escolas privadas, um total de 2,4 milhões de professores, têm dificuldade em identificar os sinais de autismo e em compreender como esse transtorno impacta a aprendizagem e as interações sociais.

A inclusão de alunos autistas na escola regular exige adaptações curriculares e estratégias adequadas de manejo e estímulo. Quando isso não ocorre, as chances de adaptação e aprendizagem desses alunos são drasticamente reduzidas, podendo até ser inexistentes. Essa situação pode levar a um aumento de conflitos e ao isolamento dos alunos com TEA. Além disso, a falta de compreensão sobre o autismo pode gerar preconceitos e estigmatização, tanto por parte dos colegas quanto dos próprios profissionais de educação. 

Minha experiência como pai de crianças autistas e fundador da Adapte Educação mostra que o treinamento adequado faz toda a diferença. Quando os educadores têm o conhecimento e as ferramentas necessárias, eles são capazes de criar ambientes acolhedores e de apoio, onde todos os alunos podem prosperar. O MEC já reconheceu, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, em abril deste ano, a falta de preparo das instituições de ensino para receber esses alunos. 

É urgente que as políticas educacionais priorizem a formação dos educadores para lidar com o autismo, garantindo não só uma base inicial sólida, mas também oportunidades de desenvolvimento contínuo e apoio prático nas escolas. Para que isso seja possível, é fundamental a colaboração entre instituições de ensino, governos e organizações dedicadas à inclusão. 

Trata-se de uma questão de justiça social e também de eficácia educacional. Uma educação verdadeiramente inclusiva abrange todos os alunos, e investir no treinamento dos educadores é investir no futuro dos alunos autistas e, de forma mais ampla, no futuro da nossa sociedade.

Emanuel Santana é mestre em educação e CEO da Adapte Educação.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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