O país está diante de amarga circunvolução da crise político-institucional e seus reflexos negativos sobre a atividade econômica, que é o encaminhamento pelas duas instâncias do Congresso Nacional do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

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Não se sabe qual será o desfecho da crise, se o afastamento ou não da presidente e, no primeiro caso, a formação de um novo governo. Entretanto, de uma coisa a sociedade está ciente: o Brasil não mais suporta o retardamento da solução reparadora e dotada dos elementos capazes de promover a reconstrução quase total de um imenso patrimônio erguido pela força do trabalho, da ética e da solidariedade de homens e mulheres, especialmente crianças e jovens, que representam a reserva moral sobre a qual repousa o espírito federacionista e republicano.

A Associação Comercial do Paraná, mais do que nunca, sente-se gratificada pela condição de porta-voz de milhares de micro e pequenas empresas, responsáveis por elevados porcentuais na geração de empregos, renda e arrecadação de tributos – e, não por acaso, as que mais sofrem com os efeitos perversos da crise, na maioria das vezes penalizadas de forma inclemente por não disporem dos mecanismos de defesa das médias e grandes empresas.

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A consciência de um povo está sendo agredida dia a dia por atitudes irresponsáveis de governantes

Ao lado de muitas outras entidades da sociedade organizada, e dos milhões de cidadãos que saíram às ruas no dia 13 de março passado, estimulando seus associados a fazerem o mesmo, a ACP se fez presente honrando sua melhor tradição de luta em defesa do interesse social. Ao mesmo tempo, demonstrou seu repúdio à inverdade de que seria uma atitude golpista manifestar-se em público contra o estado de coisas que paralisa o país há meses. Uma situação que, entre outras mazelas, provocou a volta da inflação, o estouro das taxas de juros e a disparada dos preços, além do fechamento de milhares de empresas e a demissão de empregados em números alarmantes, que o IBGE mostrou serem os maiores dos últimos quatro anos.

A entidade saiu e continuará saindo às ruas, sempre que for necessário, para somar-se ao movimento cuja única motivação é reivindicar de maneira pacífica, justa e patriótica um projeto de recuperação nacional que guarde absoluta concordância com os princípios da Constituição e do Estado Democrático de Direito.

A consciência de um povo está sendo agredida dia a dia por atitudes irresponsáveis de governantes que deveriam ser os primeiros a reconhecer a sucessão de erros administrativos, sobretudo na esfera federal, os quais contribuíram não apenas para solapar a confiança de empresários e empreendedores na segurança de seus negócios, fazendo despencar a níveis catastróficos os índices de consumo, mas também para transformar o país num lamentável exemplo de incúria, corrupção e certeza da impunidade.

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A sociedade exige mudança imediata e que brasileiros honrados, honestos e provados no cumprimento do dever assumam o controle da nação para fazê-la reencontrar-se com a paz e o desenvolvimento social.

Antonio Miguel Espolador Neto, empresário, é presidente da Associação Comercial do Paraná.