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Imagem ilustrativa.| Foto: Henry Milleo/Arquivo/Gazeta do Povo

Entramos em mais um ano agitado politicamente, mas como pessoa da indústria acredito que, ao menos na parte de dentro da economia, os planos seguem normalmente. Apesar de o cenário de instabilidade estar longe do ideal para qualquer economia, e mesmo com previsão de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil menor do que em 2022 (1,6% em 2023, ante 3,1% previsto para 2022) devido às altas taxas de juros, inflação elevada e menor crescimento mundial, vemos com alívio que os projetos industriais continuam. E isso em várias áreas produtivas.

Um exemplo é a produção de fertilizantes, insumo essencial para tocar nossa locomotiva brasileira, que é o agronegócio. Com o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), a ideia é reduzir a dependência de importação dessa matéria-prima, pois hoje 85% dos fertilizantes utilizados vêm de fora do país.

Pensando em fontes de energia renovável, o Brasil é o terceiro maior produtor, atrás apenas de EUA e China, sem falar na competitividade do preço que conseguimos praticar.

Ao estimular a produção nacional, o projeto brasileiro é desenvolver novas tecnologias e produtos, bem como ampliar a eficiência daqueles já utilizados. Deixo aqui a recomendação que todo engenheiro que atende o setor agro pode confirmar: mais do que nunca, é hora de investir em novas tecnologias que garantam a sustentabilidade e eficiência de toda a cadeia produtiva.

Digo isso pensando especialmente na redução de contaminações, pois este é um problema que o consumidor atento ao meio ambiente e à saúde de sua família não aceita mais. E somente equipamentos atualizados tecnologicamente poderão suprir essa demanda. Se vamos investir, que seja com máquinas e equipamentos atualizados e que coloquem nossos bens agrícolas exportados entre os mais sustentáveis do planeta.

Outro destaque é a capacitação de nosso parque de hidrogênio verde (H2V), pois o Brasil tem potencial não apenas para desenvolver essa fonte energética, como tornar-se um grande exportador. Isso porque o hidrogênio tradicional depende de fonte fóssil, mas o Brasil pode liderar a corrida internacional pela variante limpa, devido à abundância de água, insolação e ventos – com foco no Nordeste brasileiro. Com isso, o país poderá ter o hidrogênio verde mais barato do planeta.

Pensando em fontes de energia renovável, o Brasil é o terceiro maior produtor, atrás apenas de EUA e China, sem falar na competitividade do preço que conseguimos praticar. Porém, para atender a demanda do H2V, os investimentos necessários são estimados em US$ 200 bilhões até 2040, conforme a consultoria McKinsey. O maior desafio é logístico – como transportar esse produto com segurança. Novamente aqui entram as válvulas e dutos, equipamentos fundamentais em qualquer indústria que lide com fluidos líquidos ou gasosos.

Outros projetos da indústria brasileira para 2023 incluem suprimentos químicos, e um grande fluxo de investimentos é esperado na área de saneamento. Desde o Marco do Saneamento, de 2020, são estimulados projetos privados em novas plantas e ampliações, que visam suprir a enorme demanda brasileira por levar encanamento a 100% do território nacional. Novamente aqui entra a necessidade de evitar perdas, visto que cerca de 40% da nossa água é perdida no processo de distribuição. Além disso, sabemos que a postura do governo federal é nacionalizar tecnologias, o que vem em bom momento para a indústria e seus investimentos.

Como se vê, trabalho não falta. Torcemos por dias mais previsíveis e menos turbulentos, com a certeza de que a indústria brasileira está capacitada para atender grandes demandas nacionais e internacionais.

Mateus Souza é gerente da área industrial da GEMÜ do Brasil.

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