Vivemos em uma época confusa. À exceção do momento em que estamos dormindo, somos bombardeados, cotidianamente, por um batalhão de informações que nos chegam através dos mais diversos meios: os veículos de comunicação de massa, a internet, a poluição visual de outdoors, banners, cartazes. Nunca se teve tanto acesso à informação. No entanto, informação, por si só, não é conhecimento. Informação, desprovida de reflexão, confunde e aliena, condiciona e dispersa.
Estamos saturados, cansados de informação sem conteúdo. O excesso de informação não tem representado uma mudança significativa no modo como compreendemos o sentido da existência. Não tem propiciado uma mudança de perspectiva com relação ao modo como nos relacionamos uns com os outros e com o nosso planeta. Crimes violentos, brigas de trânsito, guerras étnicas, exploração do trabalho infantil, preconceito e desrespeito às diferenças, corrupção e depredação do meio ambiente são apenas alguns dos indícios de que ainda não aprendemos o essencial, o mínimo necessário para assegurar a sobrevivência futura da nossa espécie: a compreensão de que, quando atentamos contra a existência de qualquer manifestação da vida, é contra a nossa própria vida que estamos atentando.
As informações que recebemos, das mais diferentes fontes, todos os dias, por si só, não são capazes de levar os nossos alunos a construir uma compreensão ética da existência, a refletir sobre sua condição sempre levando em consideração a condição do outro. E isso é fundamental: vivemos em sociedade e, em tempos de globalização, nossa comunidade é o mundo, é o planeta como um todo.
Informação é importante, mas refletir, discutir, produzir conhecimento a partir dela é fundamental. Por isso a mediação do professor nunca foi tão necessária. É a peça-chave, o elo entre o mundo confuso percebido pelos alunos e uma sociedade melhor, mais esclarecida e ética, na qual certamente acredita.
A dimensão das palavras, da postura e da visão de mundo do professor extrapola os limites da sua existência particular quando está em uma sala de aula. Ele se transforma e transforma as pessoas que estão ao seu redor. Esse é um espaço continuamente construído e reconstruído pela interação entre suas palavras e o modo como seus alunos a compreendem. É um tempo único, o tempo em que se pode parar e pensar. Analisar a informação, seja ela do presente ou do passado, e, a partir dela, construir posturas diante da nossa própria época.
A preocupação central de um professor diante de uma sala de aula deve ser criar um ambiente de incitação à contínua reflexão sobre a condição humana em sua dimensão social, histórica e ética; não é "dar conta" de toda a informação que for possível. É necessário pontuar, com um olhar histórico e crítico, questões sobre as quais precisamos aguçar o olhar no presente. Questões sobre as quais necessitamos discutir, posicionamentos que precisamos repensar, atitudes que precisamos tomar sobre uma outra educação, cuja construção precisamos efetivar.
Andréa Maria Carneiro Lobo, doutoranda em História pela UFPR, é professora do curso de Direito da Unibrasil.