Na última quinta-feira, à noite, em celebração na Catedral de Curitiba, comecei minha missão episcopal na Arquidiocese de Curitiba. Comoveu-me a presença de tantos amigos bispos, padres, autoridades, tantos irmãos e irmãs... Igualmente foi grande o esforço dos que prepararam todo o evento. Sei do trabalho ingente em tais situações. Aqui vai minha gratidão penhorada aos que foram colaboradores prestimosos, especialmente os que nem foram vistos.
Agora se iniciou o tempo de ministério. As felicitações e cumprimentos já tiveram seu lugar. Chegou a hora de um olhar humilde e ousado para a frente, para o futuro. Porém, com grande apreço a tudo quanto se fez e se evangelizou nesta arquidiocese. Homens e mulheres de grande força interior deixaram por aqui seus traços de fidelidade, de entrega livre e obediente. Pessoalmente confesso meus sentimentos de pequenez ante a grandeza intelectual de dom Manuel d’Elboux ou a humildade iluminadora de dom Pedro Fedalto. Gostaria muito que esta “pequenez” não fosse insuficiência. Vou tentar convertê-la em predisposição para ouvir, para deixar-me ensinar por aqueles que alcançaram sabedoria a partir de sua fé.
Quando recebi a comunicação telefônica vinda da Nunciatura Apostólica, no dia 15 de dezembro, informando e interpelando-me a aceitar o que decidira o papa Francisco sobre esta arquidiocese, recordo-me bem do temor que alcançou até as minhas fímbrias. Pedi alguns dias para reflexão. Afinal, o episcopado não é apenas uma questão de liderança ou de administração. E a Igreja não é apenas organização. Muito mais, é uma grande família, aquela dos que querem se deixar configurar pela pessoa de Jesus Cristo. E, nesta perspectiva, o episcopado é menos funcionalidade. É, especialmente, um modo de ser, muito mais do que um modo de fazer. Ao final, aceitei. Mas não por me considerar preparado; acolhi a decisão do papa porque vi que a evangelização se verifica sobejamente lá onde o enviado se faz ouvinte da Palavra.
Agora se iniciou o tempo de ministério. As felicitações e cumprimentos já tiveram seu lugar. Chegou a hora de um olhar humilde e ousado para a frente, para o futuro
Por se tratar de pastoreio e de evangelização em uma arquidiocese do porte e características de Curitiba, metropolitana e cosmopolita, rica de cultura e de ciência, mas também com muitas carências e descompassos, parece-me que a experiência do apóstolo Paulo pode ser inspiradora. Reporto-me aqui ao texto de Atos 18, 9-10. O apóstolo Paulo, imerso em muitas adversidades, foi encorajado pelo Senhor: “Não temas... eu estou contigo... tenho um povo numeroso nesta cidade”. Vale aqui salientar dois pontos: a força interior de Paulo não provém dele próprio. Sua fonte é o Senhor (“Eu estou contigo”). E o motivo desta moção interior vem logo a seguir (“Tenho um povo numeroso nesta cidade”).
Não tenho projetos prontos; não vim com planos definidos. Precisarei muito da palavra e da sabedoria de quem conhece bem a história, o ambiente, o caldeamento cultural desta grande arquidiocese. Proponho-me a não buscar forças nas minhas próprias “coragens”. As razões são quase óbvias: também por aqui o Senhor tem “um povo numeroso nesta cidade”. Ademais, gosto muito do tema do discipulado. E muito me apraz poder ensinar. Daí o lema inspirado no evangelho de Mateus: “Fazei discípulos... ensinai”. Será para mim uma grande alegria ser nesta arquidiocese um bispo que ensina.
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