Da mesma forma que qualquer organização concorrente ao mundo do trabalho, as instituições escolares públicas ou privadas hoje procuram desenvolver suas capacidades de inovar, pois educar num mundo altamente competitivo significa também, ao lado de sólidas noções de ética e cidadania, prover ao estudante plena capacidade de criar crescimento econômico, abrir novos mercados ou, pelo menos, melhorar continuamente práticas consagradas, buscando a excelência do desempenho e maior eficácia técnica.
No entanto, o desenvolvimento de um comportamento revolucionário e arrojado implica na superação de obstáculos não apenas do cenário externo, mas também naquele interior a qualquer organização: um sistema de inovação dependerá não apenas da comunidade em que esta se insere, mas também do pessoal interno, de todos serem (ou não) evoluídos nos seus fluxos de informação, desenvolverem talento para o trabalho em equipe e prática no compartilhamento de competências.
Teremos todos de continuar estudando ao longo da vida, reconstruindo conceitos e práticas
Manuel Castells, sociólogo espanhol, um dos autores mais citados no panorama acadêmico atual, considera que a forte presença das tecnologias criou o que pode ser denominado capitalismo informacional – que, entre outras características, reestrutura e horizontaliza o modo de funcionamento institucional, sendo uma rede a representação adequada para esta nova lógica, que envolve responsabilidades e decisões compartilhadas e, principalmente, parcerias para atingir suas metas.
Assim, as escolas têm hoje um grande desafio: o de aperfeiçoar o aluno nessa conexão, ou seja, o trânsito nos mais variados ambientes, tanto da área de saúde, com suas equipes multiprofissionais, quanto tecnológica ou empresarial, nas quais decisões são cada vez mais colaborativas e baseadas no respeito à autonomia e à criatividade individual. Isso envolve a valorização constante do sistema educativo, pois teremos todos de continuar estudando ao longo da vida, reconstruindo conceitos e práticas, com forte ênfase nas negociações entre múltiplas instâncias para produzir mais e mais conhecimentos.
Constata-se a importância dos avanços tecnológicos na área educacional: os recursos mudaram, o aluno mudou, e o impacto das tecnologias muda as formas de viver, de trabalhar e até de pensar. Governos têm sido desafiados a responder adequadamente ao avanço da ciência não apenas em seus procedimentos comerciais, mas também nos políticos, e essencialmente nas suas políticas educacionais.
A visão mais racional sobre problemas abertos que envolvem conhecimentos múltiplos necessita capacidade crítica evoluída, demanda atitudes e valores, tornando indispensável que pensemos o futuro, as tendências de longo prazo.
O hábito de debater coletivamente permite estabelecer macrodiretrizes para atingir metas, identificar possibilidades de atuação mais eficazes, já que mudanças havidas na própria economia, geopolítica e cultura de um país podem ser creditadas aos avanços tecnológicos. Estar atualizado é indispensável.
Além do capital intelectual, forma de sabedoria do capital humano, indispensável no processo ensino- aprendizagem, hoje se discrimina também o capital ambiental, ou seja, a capacidade da organização de administrar sua inteligência competitiva, base da inovação.
Outros pensadores já desenvolveram diversos modelos para explicar como o conhecimento é criado e compartilhado de pessoa a pessoa, para transformá-lo de tácito para explícito, passível de ser transferido socialmente; intranets e outras tecnologias são utilizadas na criação de comunidades especificamente para este fim.
Num país em que não vencemos ainda nem sequer o analfabetismo, resta evidente que nem todas as nossas escolas estarão preparadas.