Imagem ilustrativa.| Foto: Giuliano Gomes/Arquivo/Gazeta do Povo
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Um dos elementos básicos que aprendemos nos cursos de economia é que os agentes (pessoas e empresas) reagem a incentivos. Por exemplo, quando o preço de um bem sobe, mantendo tudo mais constante, as pessoas compram menos, quando a pena de um determinado crime aumenta, ocorre uma redução nesse tipo de crime, quando está mais quente, as pessoas tomam mais sorvetes etc.

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As instituições formais de um país ou, ou seja, conjunto de leis e regras e todo o arcabouço necessário para que essas regras sejam válidas, como o Sistema Judiciário, policial, carcerário, entre outros, são essenciais para determinar os incentivos e, consequentemente, as ações e atitudes dos agentes. Quando as regras de um país estimulam a alocação de recursos para atividades produtivas, o país produz mais bens e serviços e o país experimenta um maior nível de desenvolvimento econômico e social. Por exemplo, as leis que garantem a propriedade privada são fundamentais para que os recursos em uma economia sejam alocados produtivamente.

A cultura também é elemento crucial no comportamento dos indivíduos. São as regras de conduta informais que ajudam a desenhar os mecanismos de incentivos que moldam as ações sociais. Adicionalmente, existe uma relação de dupla causalidade entre instituições e cultura, pois as regras e leis são formuladas dentro de um contexto histórico e cultural, enquanto as mudanças que ocorrem nessas leis e regras afetam o comportamento das pessoas influenciando as regras de conduta informais, ou seja, a cultura.

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Muitas regras e leis são formuladas de acordo com o que a sociedade acredita que é importante para um bom convívio social e econômico, enquanto o surgimento de novas leis e regras afeta o comportamento e a forma de pensar dos agentes econômicos e sociais. Podemos pensar nos contratos que existem para garantir que as partes envolvidas cumpram com suas responsabilidades, o que permite que ocorra maior nível de transação e interação entre os agentes econômicos, o que é uma das bases para o bom funcionamento dos mercados. Outro exemplo são as leis de trânsito que servem para melhorar a fluidez, aumentar a segurança de motoristas, passageiros e pedestres, além de reduzir o nível de conflito e estresse em interações que as pessoas precisam atravessar todos os dias.

No entanto, somente a existência de boas regras e leis não são suficientes. É necessário que elas sejam válidas, ou seja, que o arcabouço institucional que garante essas regras esteja em pleno funcionamento, ou seja, que as instituições que fiscalizam e aplicam as sanções e multas sejam eficientes e idôneas.

Considerando o comportamento de muitos brasileiros nas interações sociais, sobretudo sobre as regras de trânsito, é notável como as instituições que fiscalizam e aplicam as sanções não funcionam de forma adequada, pois a quantidade de infrações que colocam em risco material e físico os cidadãos das mais diversas regiões brasileiras é algo constante e frequente no cotidiano. Os custos são elevados e a minha impressão é que as infrações são crescentes, sobretudo com o advento dos aplicativos de entrega de comida.

As transgressões das regras e leis acabam influenciando outras pessoas. Por exemplo, quando é frequente que motoristas passem no sinal vermelho em uma determinada localidade, a probabilidade que outros motoristas ajam da mesma forma é maior, o que acaba se tornando um comportamento arraigado naquela sociedade, ou seja, algo que acaba fazendo parte da cultura local.

O poder público precisa agir com maior rigor em relação às infrações de trânsito para controlar um custo econômico e social que vem se elevando de forma relevante antes que as transgressões fiquem mais arraigadas como parte da cultura dos brasileiros.

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Luciano Nakabashi é doutor em economia e professor associado da FEARP/USP.

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