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Inteligência Artificial, acessibilidade e um futuro mais inclusivo
| Foto: Igor Omilaev/Unsplash

A acessibilidade é um tema crucial para a inclusão social e o desenvolvimento equitativo da sociedade como um todo, uma vez que assegura que todas as pessoas possam participar plenamente da vida pública, com autonomia e segurança. Para se ter uma ideia, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo IBGE e MDHC, o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência, dado que evidencia a importância de discutir e implementar práticas acessíveis em todos os setores da sociedade, inclusive no âmbito empresarial.

A acessibilidade vai muito além de adaptações físicas e envolve, também, a criação de um ambiente que valoriza a inclusão, a equidade e o desenvolvimento, a participação, a criatividade e a inovação. Neste contexto, a Inteligência Artificial (IA) surge como uma ferramenta estratégica para ajudar na viabilização de projetos em que a acessibilidade seja o agente central.

Tendo em vista esse cenário, segundo um dado do relatório Future of Jobs, 74,9% das companhias no mundo pretendem implementar Inteligência Artificial até 2027. Esse panorama pode representar uma oportunidade significativa para que as companhias promovam ambientes mais inclusivos, além de elevar a experiência dos seus clientes.

A IA nada mais é do que a capacidade de uma máquina atingir um objetivo específico ou realizar múltiplas tarefas de forma eficiente. Ela está inserida na ciência da computação e pode ser dividida em duas categorias: inteligência específica e inteligência geral. A primeira tem como enfoque a execução efetiva de tarefas específicas, enquanto a segunda abrange a habilidade de realizar diversas atividades diferentes. Desta forma, ambas têm o potencial de transformar o ambiente de trabalho, tornando-o mais acessível.

Existem múltiplas formas de aplicar a IA para essa finalidade. Um exemplo  é a sua utilização para criar sites mais acessíveis, que carreguem rapidamente e forneçam informações detalhadas sobre produtos e serviços, melhorando a experiência do usuário. Outro bom exemplo, é sua aplicação no setor de e-commerce. Nesse caso, a IA opera por meio de sua capacidade de personalizar a experiência de compra, adaptando o conteúdo e as recomendações de produtos às necessidades e preferências individuais de cada usuário.

Além disso, a IA pode ser uma grande aliada na criação de soluções assistivas, como softwares de leitura de tela e sistemas de navegação adaptados, que auxiliam pessoas com deficiência visual ou motora a interagirem com a tecnologia de maneira mais intuitiva.

Para que essas inovações sejam verdadeiramente inclusivas, alguns desafios ainda precisam ser superados, como a falta de políticas públicas que incentivem o seu uso para promover a acessibilidade. Atualmente, existe a norma técnica WCAG (Web Content Accessibility Guidelines), que define os padrões de acessibilidade digital, no entanto, a adesão a essas diretrizes ainda é insuficiente.

Além disso, a IA depende de dados para funcionar de forma eficiente, o que levanta questões sobre a qualidade, diversidade e transparência dessas informações. Pensando nisso, é fundamental que as ferramentas generativas sejam treinadas com dados que reflitam a diversidade da população, garantindo que as soluções desenvolvidas sejam verdadeiramente inclusivas.

Isso inclui, também, a necessidade de adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) por parte das organizações, assegurando que os dados utilizados respeitem a privacidade dos usuários e sejam aplicados de maneira ética.

É evidente que a IA tem o potencial de revolucionar a acessibilidade, personalizando a experiência dos usuários e permitindo que tomem decisões mais assertivas. Porém, para que a IA seja realmente inclusiva, é preciso que todos se engajem ativamente no diálogo sobre acessibilidade, para que essa questão seja considerada uma prioridade estratégica nas metas das empresas.

Desta forma, a IA será de fato vista como uma aliada na promoção da diversidade e da inclusão, contribuindo para o desenvolvimento de tecnologias assistivas que realmente façam a diferença na vida das pessoas. Afinal, o verdadeiro progresso só acontece quando inclui todos. Para que a sociedade avance de forma equitativa, é vital que a acessibilidade seja parte integrante das estratégias de inovação das empresas, mantendo as pessoas sempre no centro dessas iniciativas.

Gustavo Rodrigues é CEO da Everymind.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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