O lançamento do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo governo federal abriu novas discussões sobre a relação entre poder público e iniciativa privada. A série de medidas, que prevê o fomento de setores como saneamento, infra-estrutura e construção civil, entre outros, foi por muitos rotulada como excessivamente governamental, ou seja, não teria levado em consideração o que tinha a dizer o empresariado brasileiro.
No entanto, é pouco provável que isso tenha mesmo ocorrido. Não é necessário ter bola de cristal para perceber que é inimaginável que um programa dessa dimensão desconsidere aqueles que, além do próprio governo, serão os mais influenciados por seus desdobramentos. Nisso, em detrimento aos velhos debates sobre o assunto, temos a inserção de outra temática, totalmente nova: a relação entre o público e o privado se tornou tão íntima que, muitas vezes, nem é tão evidente a olho nu. O que, é claro, considero um sinal de avanço.
Como vice-presidente da regional Sul da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, posso atestar um exemplo de como a proximidade entre essas esferas pode trazer ótimos resultados. Obtivemos, para o setor de transportes várias conquistas, possibilitadas por um contato maior com ministros e até com o próprio presidente da República. Contato esse extremamente sadio: somente nós, empresários, que vivenciamos os desafios específicos de cada setor, sabemos quais são as principais necessidades visão essa cada vez mais em alta, principalmente entre os nossos governantes.
Esse é um exemplo que nós, da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla), pretendemos e devemos seguir. Já contamos com um assento na Confederação Nacional do Transporte, do qual podemos fazer uso ainda mais efetivo. Afinal, segundo dados preliminares sobre o faturamento do setor em 2006, movimentamos mais de R$ 3 bilhões. Compramos, segundo os números de 2005, mais de 11% dos veículos comercializados no mercado interno e empregamos mais de 115 mil pessoas, direta e indiretamente, isso sem contar o que geramos em impostos para os cofres públicos. É muito diante da nossa presença no sistema político, o que evidencia um enorme potencial que necessitamos explorar.
O setor de locação de automóveis conta, atualmente, com cerca de 50 sindicatos e associações, que têm na Abla a maior expressão de sua grandiosidade. Cada vez mais, vemos crescer a importância de unir forças em torno de interesses comuns, em vez de pulverizá-la em esforços isolados. Assim como temos objetivos que são compartilhados por outros segmentos, como o de transportes e o de turismo. É de todos esses o pedido de que o governo federal olhe mais para nossas estradas, por exemplo. Portanto, nada se perde com uma relação mais estreita com esses parceiros. Pelo contrário, muito se tem a ganhar.
Temos o primeiro ano do novo mandato do presidente Lula, além de novos mandatos ou início de trabalho dos governadores. Há oportunidade melhor para buscarmos união, pleitearmos mudanças que têm influência positiva, não só em nossos negócios, mas para todo o país? Creio que não. A hora é agora; não há mais tempo a perder.
Valmor Weiss é diretor da regional Paraná da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis, presidente da Associação Nacional dos Transportadores de Malotes, presidente da Regional Sul da Associação Nacional do Transporte de Cargas e diretor da Confederação Nacional do Transporte.