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A histórica deficiência brasileira no setor de infraestrutura e logística tem representado o maior entrave ao desenvolvimento econômico nacional, desde os tempos do Brasil Colônia. Trezentos anos se passaram e continuamos a esbarrar nas mesmas dificuldades. A agricultura planta e colhe, a indústria produz, o comércio vende, para que tudo vá entupir o gargalo representado pela infraestrutura pouco condizente com a grandeza da economia nacional.

Nesse sentido, o anúncio de novas concessões pelo poder público, divulgado há dias com amplo foguetório na mídia, pode ser a alternativa para modernizar o setor, considerando que os recursos do governo federal para investimentos diretos são escassos.

Os paranaenses receberam boas notícias e más notícias. Há uma série de melhorias previstas para rodovias que cortam o estado – BR-476, BR-153, BR-480, BR-376 e BR-116 – com concessões, duplicações, construção de terceiras pistas e aprimoramento da malha em geral, permitindo escoamento da produção em todos os pontos cardeais. Sem dúvida, o anúncio permite um moderado otimismo, a ser comprovado quando as obras estiverem prontas. A moderação no otimismo vem do fato de que não podemos esquecer que a duplicação da nossa principal ligação com São Paulo, pela Rodovia Régis Bittencourt, completou no ano passado o 40.º aniversário do início das obras, ainda em andamento.

O balanço é positivo, embora o Paraná pudesse ter sido mais bem aquinhoado no plano divulgado

O Programa de Investimento em Logística (PIL) prevê também novidades para os portos paranaenses. O governo anunciou leilões de terminais em Antonina e Paranaguá e a autorização para a construção de um Terminal de Uso Privado (TUP) em Pontal do Paraná.

Trata-se de um avanço significativo. Para fins de comparação, entre 2007 e 2010 Santa Catarina recebeu investimentos pesados na sua estrutura portuária, com a inauguração e modernização de novos terminais. Hoje, o estado vizinho conta com os portos de Itapoá, São Francisco do Sul, ambos na Baía da Babitonga; Navegantes e Itajaí, na foz do Rio Itajaí-Açu; e Imbituba, no sul.

Enquanto isso, o Paraná segue com os portos de Paranaguá, cuja capacidade está no limite; e Antonina, de menor porte. O anúncio da autorização para a construção do Porto Pontal, em Pontal do Paraná, deve ser saudada como uma grande novidade. O investimento vem sendo planejado há anos e trará inúmeros benefícios para a região e para a população litorânea. O Porto Pontal, que incluirá terminal para contêineres e carga geral, será o mais moderno da América Latina e um dos maiores do Brasil, com investimentos calculados em R$ 1,5 bilhão. Vai ocupar uma área de 627 mil m², gerando 7 mil empregos diretos e indiretos. É importante ressaltar ainda que a estrutura portuária será implantada longe da área urbana de Pontal do Paraná, não causando problemas para a população do município. Pelo contrário, o Porto Pontal será um catalisador de benefícios.

Finalmente, as más notícias para o Paraná referem-se à retirada das concessões de aeroportos paranaenses na relação divulgada pelo governo federal, e ao adiamento dos investimentos nas duas ferrovias anteriormente previstas: a ferrovia Maracaju-Paranaguá, de inestimável valor estratégico para o nosso estado; e a continuação da Ferrovia Norte-Sul, cruzando o Paraná de norte a sul, tiveram suas construções postergadas.

O balanço é positivo, embora o Paraná pudesse ter sido mais bem aquinhoado no plano divulgado. Resta seguir trabalhando para convencer as autoridades federais da importância que o nosso estado tem para a economia nacional.

Ricardo Bueno Salcedo, engenheiro, é diretor do Porto Pontal.
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