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Líder do Hamas, Ismail Haniyeh: retrato
Iranianos carregam o retrato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, e bandeiras palestina e iraniana durante um protesto na Universidade de Teerã, em julho de 2024.| Foto: EFE/EPA/ABEDIN TAHERKENAREH

Nesta semana, na Assembleia Geral da ONU, a Autoridade Palestina tentará levar adiante uma resolução que lamentavelmente representa um passo em direção à escalada do conflito e a inviabilização das negociações de paz diretas com Israel, o que claramente contraria os Acordos de Oslo. O projeto de resolução palestino busca minar o direito básico de Israel de proteger seus civis, além de apresentar uma visão tendenciosa da realidade ao apagar a questão central do terrorismo palestino.

De fato, na fantasia das premissas dessa resolução, milhares de mísseis não teriam sido disparados contra israelenses pelo Hamas e pela Jihad Islâmica Palestina (JIP) das áreas previamente evacuadas por Israel em Gaza. Outros milhares também não teriam sido lançados pelo Hezbollah de áreas das quais Israel se retirou no Líbano. Além disso, também não teriam ocorrido os ataques repetidos da Síria, Iraque, Iêmen e, mais notavelmente, do orquestrador desses proxies, o Irã, que expressa sem qualquer disfarce seu desejo de aniquilar Israel.

Os esforços contínuos da liderança palestina têm o objetivo de atacar Israel e buscar apoio internacional para obrigá-lo a fazer concessões sem oferecer nada em troca

Na sequência das atrocidades dos ataques de 7 de outubro, nos quais o Hamas assassinou mais de 1.100 civis israelenses e fez 250 reféns, a resolução ignora as preocupações legítimas de segurança de Israel e a profunda conexão histórica do povo israelense com sua terra natal. Seu apelo para limitar as capacidades de segurança de Israel é uma tentativa clara de corroer a capacidade de Israel de proteger seus cidadãos — sejam judeus, cristãos, muçulmanos, drusos e outros.

A resolução exige que Israel se retire incondicionalmente das áreas em que está sendo atacado nesse momento. Da mesma forma, ignora a vasta rede de túneis terroristas e depósitos de mísseis em Gaza. Não faz menção aos acordos cuidadosamente negociados entre Israel e os palestinos e obscurece o fato de que, 19 anos atrás, Israel fez precisamente o que a resolução pede: a retirada total de Gaza. O resultado não foi a paz, mas a tomada desastrosa do poder por terroristas islâmicos fundamentalistas apoiados pelo Irã, que transformaram a Faixa de Gaza no reduto do "Hamastão".

Os esforços contínuos da liderança palestina têm o objetivo de atacar Israel e buscar apoio internacional para obrigá-lo a fazer concessões sem oferecer nada em troca. Seu objetivo é minar a legitimidade de Israel por meio de manipulações políticas. O problema é que essa postura perpetua o conflito e reflete a estratégia de décadas da Autoridade Palestina de forçar uma situação de perigo e tensão até a iminência de um desastre.

A Autoridade Palestina prefere um jogo de soma zero em vez de buscar um acordo. Não por acaso, ela não condenou os massacres e atrocidades de 7 de outubro. Pelo contrário, os justifica expressando apoio às ações do Hamas e da JIP. Enquanto as crianças israelenses aprendem canções de paz e o valor básico da palavra "Shalom" desde o jardim de infância, o sistema educacional palestino — em Gaza, bem como na Judéia e Samaria (Cisjordânia) — ensina às suas crianças ódio e antissemitismo, legitimando a violência contra os judeus e a destruição de Israel.

Israel demonstrou repetidamente seu desejo sincero de viver em paz com seus vizinhos, incluindo os palestinos, e nunca rejeitou propostas sérias, como aliás evidenciado pelos acordos de paz com o Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos. Dessa forma, a resolução palestina contradiz o princípio fundamental sobre o qual todos os acordos de paz anteriores entre Israel e seus vizinhos foram baseados: que a solução do conflito só pode ser alcançada por meio do diálogo e negociações diretas entre as partes.

A Autoridade Palestina não pode fugir dessa realidade recorrendo a fóruns internacionais. Ceder às demandas palestinas sem exigir que elas se movam em direção à reconciliação com Israel, como fizeram antigos inimigos na Europa após a Segunda Guerra Mundial, não trará paz, mas, em vez disso, preparará o terreno para a próxima guerra. A paz não pode ser alcançada por meio de resoluções unilaterais ou tribunais internacionais. Aqueles genuinamente comprometidos com a paz devem rejeitar essa resolução e defender negociações diretas e bilaterais sem pré-condições.

Portanto, votar contra essa resolução não é um voto contra o direito internacional ou contra a Corte Internacional de Justiça. É um voto contra o uso político indevido dessas instituições para servir à estreita agenda de rejeição palestina à coexistência pacífica, de modo que essa resolução servirá apenas para premiar o terrorismo e aprofundar a divisão entre israelenses e palestinos, afastando-os ainda mais da paz.

Quem realmente busca a paz deve se opor a essa resolução e pedir à Autoridade Palestina que se distancie de fato do Hamas, condenando as atrocidades de 7 de outubro e a abordagem de confronto até aqui manifestada, tudo isso em prol de uma política de reconciliação e negociações diretas.

Daniel Zonshine é embaixador de Israel no Brasil.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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