Em menos de dois meses em Itaipu, tive a oportunidade de participar do aniversário de duas datas importantes para esta empresa binacional: no dia 5 de maio, comemoramos os 33 anos da entrada em operação da usina; e, neste dia 17, os 43 anos de sua criação, um marco histórico para o Brasil e o Paraguai e um exemplo para o mundo de cooperação entre dois países.
Hoje, Itaipu tem pela frente dois grandes desafios, que deverão ser superados para que, nas próximas décadas, continue a desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social dos países sócios neste grandioso empreendimento. O primeiro deles é sua modernização tecnológica, para permitir que a usina mantenha os níveis de produção que a levaram ao recorde mundial de geração de energia, em 2016, superando a chinesa Três Gargantas, cuja capacidade instalada é muito superior.
Os royalties representam uma receita substancial, que se transforma em benefícios para as cidades lindeiras
Nosso corpo técnico, que une brasileiros e paraguaios, já deu início a esse processo de atualização, que compreende principalmente a informatização de suas 20 unidades geradoras, 18 das quais ainda são das décadas de 1980 e 1990. A previsão é de que tudo esteja pronto em dez anos, com um investimento previsto de US$ 500 milhões, um custo que pode ser considerado até irrisório, se for considerado que contribuirá para tornar a produção de Itaipu competitiva até o próximo século.
O prazo para o outro grande desafio que viveremos em Itaipu é ainda menor. Dentro de seis anos, em 2023, haverá a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que completará 50 anos. O Anexo C é o documento que define as bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade de nossa usina binacional, que precisará passar por uma revisão para atender, de forma igualitária, aos interesses de brasileiros e paraguaios.
O Anexo C interessa em especial aos paranaenses, já que é também ali que está definido o pagamento de royalties pela utilização das águas do Rio Paraná, como compensação pelas áreas que foram alagadas para a formação do reservatório da usina. Desde sua entrada em operação, Itaipu já pagou em royalties, ao Brasil e ao Paraguai, mais de US$ 10 bilhões.
Do total que coube ao Brasil, o governo do Paraná e os municípios lindeiros ficaram com a maior parcela. No total, US$ 3,63 bilhões, mais ou menos 50% para o estado e 50% divididos entre os 15 municípios paranaenses lindeiros ao reservatório de Itaipu (há ainda um município lindeiro no Mato Grosso do Sul). Estes recursos dos royalties representam uma receita substancial, que se transforma em saúde, educação e outros benefícios para as populações dessas cidades.
A revisão do Anexo C exigirá não só de Itaipu, mas das autoridades do Brasil e do Paraguai, uma atenção especial, porque ali vai se configurar um novo desenho do setor elétrico dos dois países e, ao mesmo tempo, representará mais uma vez a capacidade de nossos povos de chegar a um entendimento em que prevaleçam a justiça e o bom senso. Temos certeza de que o resultado será positivo.
Na minha vida profissional, toda ela dedicada ao setor elétrico, já enfrentei os mais diversos desafios, nas várias funções que exerci. Tanto na Copel, onde atuei por três décadas e da qual fui presidente por dois anos, quanto em Itaipu, onde estou há tão pouco tempo, soube e sei que posso contar com equipes altamente preparadas e, mais que isso, apaixonadas pelo seu trabalho e por suas empresas.
Os desafios de Itaipu, com o apoio que já encontro dentro e fora desta usina binacional, terão certamente um encaminhamento tranquilo e frutífero, para que nossa usina continue a ser para o mundo um exemplo de produtividade, de sustentabilidade e de preocupação com a qualidade de vida de toda a nossa população.