No último dia 03 de junho corrente tivemos a grande Festa de Corpus Christi, na qual manifestamos todo nossa fé e gratidão a Jesus Cristo presente na Eucaristia. Neste ano tivemos alguns motivos importantes para a nossa celebração: a realização do Congresso Eucarístico em Brasília com o lema "Fica conosco Senhor" e o tema "Eucaristia, pão da unidade dos discípulos missionários". Além dessa manifestação de amor a Cristo na Eucaristia realizada em Brasília no mês passado, lembramos também em nossa Arquidiocese o Jubileu de Ouro do Congresso Eucarístico acontecido em nossa cidade há 50 anos. Por isso, celebramos no Cenáculo este grande acontecimento, em preparação da Festa de Corpus Christi que já passou.
O evangelho desta festa é o final do "sermão do Pão da Vida", segundo São João. Depois da multiplicação dos pães, Jesus explicou o sentido do "sinal" que acabou de fazer: significava que Ele mesmo é " o pão que desce do céu" como um presente de Deus à humanidade. E no fim explicou um sentido mais profundo ainda deste mesmo "sinal" que celebramos na Eucaristia. Alimentamo-nos de Cristo, não somente escutando a sua palavra, mas recebendo o dom de sua "carne" e "sangue" dadas para a " vida do mundo". Tomando o pão e o vinho da eucaristia, recebemos Jesus como verdadeiro alimento e bebida. . A sua vida dada para a vida do mundo, até a efusão de seu sangue, torna-se nossa vida, para a eternidade. Celebrar é tornar presente. Receber o pão e o vinho da Eucaristia significa assumir em nós mesmos a vida dada por Jesus até morrer para todos nós, em corpo e sangue. Significa "comunhão" com esta vida, viver do mesmo jeito. E significa também comunhão com os irmãos, pelos quais Cristo morreu.
Quando na oração eucarística, o sacerdote invoca o Espírito Santo e pronuncia sobre o pão e o vinho as palavras de Jesus na Última Ceia, Jesus se torna presente, dando-nos seu corpo e sangue, sua vida dada em amor até o fim. Quando nós então recebemos o pão e o vinho, entramos em comunhão com a vida, morte e a glória de Jesus, e também com os nossos irmãos que participam da mesma comunhão. Na Eucaristia torna-se presente o dom da vida de Cristo para nós. Mas a Eucaristia se torna fecunda pelo dom de nossa própria vida, na caridade e solidariedade radical.
Para que o pão eucarístico realize a plenitude de seu sentido, é preciso resgatar o pão cotidiano da "hipoteca social" que o torna sinal de conflito, exploração, anticomunhão. Quando o pão cotidiano significar espontaneamente comunhão humana, e não suor e exploração, o sentido de comunhão do pão eucarístico será mais real. Antes de falar da eucaristia, Jesus multiplicou o pão comum.
Dom Moacyr José Vitti, CSS arcebispo metropolitano.