Em tempos de crise, transformar os percalços em oportunidades é o que faz a diferença para a superação. Nos últimos meses, o Brasil tem enfrentado uma situação econômica difícil e uma crise política que tem desmotivado os brasileiros, reduzindo a confiança no país. Recessão, volta da inflação, aumento do desemprego, alta do dólar são notícias que têm tomado conta dos noticiários. Diante desse cenário, como encontrar oportunidades?
Para empresas que estão com mão de obra excedente em função da queda nas vendas, uma alternativa é o lay-off, uma suspensão temporária dos contratos de trabalho, regulamentada pelo Ministério do Trabalho e que deve ser negociada com os respectivos sindicatos. Durante o lay-off, as empresas podem reduzir a jornada de trabalho e o salário até o limite de 25% ou aproveitar essa suspensão temporária para requalificar as suas equipes. E é essa segunda opção que consideramos a grande oportunidade para enfrentamento desse momento de recessão.
O que consideramos como grande vantagem nesse modelo de enfrentamento da crise é que a empresa que o adota consegue se ajustar à redução de demanda, reduzindo os seus custos e, tão logo o cenário econômico do país melhore e a economia volte a crescer, a empresa readquire rapidamente a sua capacidade produtiva.
Ao estimular as instituições de educação a ofertar o ensino técnico subsidiado, o governo federal provocou um esvaziamento dos cursos técnicos pagos
Por outro lado, os colaboradores de empresas que adotam esse modelo têm como grande vantagem o incremento na sua capacitação, especializando-se e aumentando suas possibilidades de permanecer na vaga ou ocupar uma nova posição dentro ou fora da empresa atual.
Para as instituições de ensino, capacitar esses trabalhadores também é uma oportunidade de enfrentamento de crise. Considerando as características da necessidade de qualificação de mão de obra para a indústria, temos como instituições que oferecem esse serviço basicamente as mesmas que sofreram com os cortes realizados pelo governo federal no Programa Nacional de Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
Ao estimular as instituições de educação a ofertar o ensino técnico subsidiado, o governo federal provocou um esvaziamento dos cursos técnicos pagos. E, com a descontinuidade dessa política educacional, reduzindo drástica e repentinamente os subsídios, muitas escolas tiveram de se readequar, cancelando a oferta de determinados cursos e demitindo professores.
Porém, nessas escolas está um know-how que pode, nesse momento, ser um grande aliado das indústrias por meio do lay-off. Cursos customizados e custos negociáveis são condições que tornam essa modalidade de enfrentamento da crise interessante para ambos: escola e indústria. Outro ganho para a escola é a proximidade com o mercado, que permite a oferta de cursos cada vez mais ajustados à real necessidade do mercado.
Os exemplos dessa aliança vantajosa para ambos os lados já começam a surgir. Várias empresas e escolas já estão se unindo, trocando conhecimento e se fortalecendo para superar esse momento difícil para a economia brasileira, mas certamente passageiro.