A maioria dos que vociferam contra o Islã desde os covardes atentados às Torres Gêmeas, em Nova York, nunca teve contato com muçulmanos de carne e osso; sua experiência se limita infelizmente às impressões provocadas por um bando de criminosos odientos que se autodenominam muçulmanos.
Esse escândalo tem se agravado nos últimos anos com o advento do Estado Islâmico, mais um de muitos grupos islamomarxistas que seguem, em vez do Islã original, uma espécie de Teologia da Libertação travestida de fantasia muçulmana. Só que qualquer muçulmano com um mínimo de educação religiosa sabe, por proferir mais de 100 vezes ao dia (nas cinco orações diárias obrigatórias) Allahu akbar, “Deus é maior”, que Deus está acima de tudo. Alguém que, como o Estado Islâmico, associe o Estado a Deus, ou o coloque acima Dele, torna-se automaticamente um apóstata inimigo de Deus e da própria religião que diz professar.
O Islã original não só nunca pregou o terrorismo, como o proibiu terminantemente
A primeira pergunta que devemos fazer, então, é: por que o termo “terrorismo muçulmano” começou a ser usado somente agora, mais de 1,4 mil anos após a última mensagem do Islã transmitida pelo profeta Maomé? A resposta é simples: Porque o Islã original não só nunca pregou o terrorismo, como o proibiu terminantemente, desde a primeira constituição escrita – e ao mesmo tempo a primeira democrática – da história da humanidade, instituída em 622 d.C. pelo Profeta: a Constituição de Medina, a primeira a proibir o terrorismo entre diferentes grupos étnicos e religiosos, fossem judeus, cristãos, muçulmanos, idólatras ou ateus; e o de ricos contra pobres, brancos contra negros, pais contra filhos, filhos contra pais, homens contra mulheres e crianças etc., tão banais no mundo árabe pré-islâmico.
Muçulmanos piedosos sabem que o assassinato de inocentes é uma abominação, uma afronta a Deus, que diz no Corão: “assassinar uma só alma é como assassinar toda a humanidade; e salvar uma só alma é como salvar toda a humanidade” (cap. V, A Ceia, v.32). No último sermão antes de sua morte, em 632 d.C., o Profeta deixou bem claro que a vida, a propriedade privada e a honra de qualquer pessoa são sagradas aos olhos de Deus, independentemente de sua etnia, religião, cor, idade, sexo, estado civil ou situação econômica.
É um grande equívoco atribuir ao Islã uma essência bélica. É da regra muçulmana sempre resolver conflitos de maneira diplomática, e que o muçulmano sob ataque tenha o direito de se defender – nunca o de atacar em primeiro lugar. Além disso, é proibido ao soldado muçulmano atacar a população civil, principalmente mulheres, crianças e idosos – e, no campo de batalha, mesmo as florestas, rios, plantações e animais são sagrados: devem ser preservados, não destruídos.
A singularidade destas diretrizes fez vários historiadores e juristas ao longo da história reconhecerem que o mundo jamais vira leis de guerra tão justas e compassivas. Não fosse assim, dificilmente o Profeta seria tão eloquentemente prestigiado como nos recintos da Suprema Corte de Justiça dos EUA, onde há mais de 80 anos uma escultura em mármore cinzelada em alto-relevo o retrata como “O Legislador”.
Considerar o Islã uma religião intrinsecamente violenta e má é tão injusto e cruel quanto perseguir e assassinar o povo judeu inteiro pelas ações iníquas de alguns de seus membros; e chamar a Ku Klux Klan de grupo cristão, por exemplo, é tão tosco e ridículo quanto considerar o nazismo uma religião verdadeira, só por usurpar um dos símbolos do hinduísmo e do budismo.
Todo cristão e todo judeu já sofreu ou ainda sofre na carne o que é ser um bode expiatório. Agora, é a vez dos muçulmanos.