Liberdade é uma condição para a qual todos têm uma visão e representa um ideal a ser atingido por cada um de nós. Pela liberdade, muitas pessoas deram suas vidas e versos e músicas foram escritos, em todas as línguas. Quais são seus limites? Conhecemos a máxima que diz: a liberdade de cada um termina quando começa a do outro. Mas essa é uma linha muito tênue e isso explica as guerras em seu nome.
Pensando especificamente na liberdade das crianças e jovens de nossas escolas, temos muita inquietação e dúvidas permeando as propostas pedagógicas e o fazer diário escolar. As dúvidas passam por escolhas de linhas filosóficas a serem adotadas pelas diferentes escolas, e pela seleção de livros didáticos pelo corpo diretivo e docente das instituições escolares.
Partindo do pressuposto de que a liberdade de cada um deve ser respeitada pelo coletivo, afirmamos que as crianças e jovens em suas escolas devem ser respeitados quanto à doutrinação ideológica em seu espaço de aprendizagem. Por exemplo, aprender com a história dos povos e nações sem a leitura ideológica do professor é condição fundamental para discernir os erros do passado e evitá-los no futuro.
É importante frisar que não se trata dessa ou daquela ideologia política, mas de qualquer pressuposto ideológico que turve a visão verdadeira do fato histórico, evitando o conceito de certo ou errado a partir do viés ideológico do professor. Desde pequenos, as crianças aprendem que o professor tem a palavra em sala de aula e que deve ser respeitado por isso. É claro que isso é certo, mas utilizar-se desse poder para doutrinar ideologicamente os estudantes é no mínimo falta de respeito à liberdade de ensinar e de aprender.
Hoje, olhando para as escolas brasileiras, nos traz inquietações e preocupações constatar o tom ideológico de esquerda na formação de professores, nas salas de aulas dos diferentes lugares do Brasil, nos livros didáticos, nas apresentações dos estudantes e nas avaliações governamentais. Não temos proporcionado o conhecimento amplo, abordando o outro lado da moeda para que possamos educar os brasileiros e brasileiras livres desta ou daquela doutrinação.
Aqui, podemos citar os exames nacionais que visam avaliar a qualidade da educação dos sistemas de ensino brasileiro, e que consideram como erradas quaisquer respostas que fujam ao gabarito ideológico estabelecido pela banca. Repetidas vezes, como animais adestrados, os estudantes brasileiros precisam responder ao que a banca quer e do jeito que deseja, do contrário correm o risco de ser reprovados.
Estamos reproduzindo no corpo das escolas, que possui uma capilaridade enorme em nosso país-continente, absurdos conceituais que, no mínimo, ferem a liberdade da sala de aula como espaço para aprender.
Importa lembrar que crianças e jovens não podem se defender; nessa relação de poder, representam o lado mais fraco da corda. Assim, precisamos buscar a isenção ideológica no fazer escolar, para que de forma saudável façamos crescer a geração deixada aos nossos cuidados. É preciso educar sem doutrinar.
Amábile Pacios, professora de Matemática e Física, é presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep).
Dê sua opinião
Você concorda com o autor do artigo? Deixe seu comentário e participe do debate.
Justiça do Trabalho desafia STF e manda aplicativos contratarem trabalhadores
Parlamento da Coreia do Sul tem tumulto após votação contra lei marcial decretada pelo presidente
Correios adotam “medidas urgentes” para evitar “insolvência” após prejuízo recorde
Milei divulga ranking que mostra peso argentino como “melhor moeda do mundo” e real como a pior
Deixe sua opinião