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Opinião do dia 2

Liberdade de imprensa e de exigir justiça

Façamos um exercício de imaginação, como se os fatos ocorressem em um futuro próximo. Se o presidente Lula e seus asseclas tivessem conseguido enfiar goela abaixo do país, sem a pronta-resposta da sociedade, o Plano Nacional dos Direitos Humanos (PNDH-3), em sua totalidade, com a aprovação de um dos seus pontos vitais – o controle social da mídia –, a Gazeta do Povo e a RPC TV teriam conseguido trazer a público a podridão em que se debate a Assembleia Legislativa do Paraná? A resposta é simples: não.

Sem a sagrada liberdade de imprensa, com a mídia podendo revelar os obscuros túneis da corrupção e da ilegalidade, seria muito difícil, para não dizer impossível, esses fatos escabrosos, como os vários escândalos da Assembleia Legislativa, virem à tona. A liberdade de imprensa é essencial. Mas não basta. Ela foi essencial para revelar as intenções ditatoriais escondidas no PNDH-3 e outras incursões do lulismo, à moda do chavismo e do castrismo, mas não fosse a reação da sociedade brasileira estaríamos a caminho de seus desastres de forma inevitável. O que barrou essas intenções foi a pronta resposta da sociedade. E o fez, pelo menos temporariamente, pois é preciso estar sempre alerta com esses atentados ao Estado de Direito. A manifestação responsável e madura de entidades e instituições de Norte a Sul foi o que salvou o país de um atentado ao sagrado direito de uma imprensa livre. As instituições paranaenses preocupadas com esse tipo fatídico de risco posicionaram-se sem meios termos. O documento "Não ao Autoritarismo", publicado pela Associação Comercial do Paraná e endossado por um grande número de entidades, foi uma mostra desta demonstração de civismo.

Agora, não basta o oportuno trabalho realizado pelos jornalistas da Gazeta do Povo e da RPC TV, sob a égide de uma comunicação madura e sob a bênção da liberdade de imprensa, denunciando o que há muito estava sob os panos da conivência, escondido por muitos interesses. É preciso que as entidades e instituições, desde associações de classe a religiosas, manifestem-se, coloquem sua opinião, de forma maiúscula e destemida, assim como autoridades de todos os níveis, para que esta lama seja toda revolvida e que os culpados, com a firme atuação da Justiça em todo o processo, sejam exemplarmente punidos.

Ao que tudo indica, o que os jornalistas tornaram público é apenas a ponta de um iceberg medonho. A sociedade deve exigir esclarecimentos. Chega do faz de conta! O afastamento temporário do diretor-geral da Assembleia, Abib Miguel, não pode, de jeito nenhum, servir de consolo ao paranaense. É preciso também afastar, sem prejulgamentos, mas também sem o comodismo de aceitar todas as pizzas possíveis, a Mesa Diretora da Assembleia, para que se possa saber quantos e quais são os culpados em toda essa lama. Nós, cidadãos deste país, que trabalhamos, empreendemos e pagamos impostos, estamos fartos de encenações. Se há culpados, e parece que eles existem às dúzias, em todos os níveis, o Ministério Público deve agir com todo o rigor e, em nome da cidadania, revelar as culpas para toda a sociedade, punir os malfeitores na forma da lei.

A sociedade, por sua vez, não pode pregar os olhos ou deixar que os fatos lhe escapem do controle como em muitas outras oportunidades. Com o mesmo vigor com que se preza a liberdade de imprensa, há que se prezar o direito de exigir Justiça.

Cláudio Slaviero, empresário, é ex-presidente da Associação Comercial do Paraná e autor do livro A vergonha nossa de cada dia

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