Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Opinião do dia 2

Lixo e cidadania – o exemplo começa em casa

Vivenciamos o maior ciclo de opulência e desenvolvimento científico-tecnológico da humanidade, mas ainda não conseguimos superar nossa paradoxal relação com o lixo que geramos, sendo seus impactos muito mais atenuados pelos avanços da medicina e do saneamento básico do que em razão de uma correta seleção, destinação e tratamento dos resíduos. O enfrentamento à pobreza, a melhoria da saúde e a sustentabilidade ambiental são alguns dos Objetivos do Milênio assumidos pelos países membros da ONU para 2015 com interface ao tema do lixo. É, portanto, uma questão de Estado que deve ser enfrentada com políticas públicas transversais de reciclagem, saúde, educação ambiental e desenvolvimento sustentável.

Essa transformação depende de cada um. Um pequeno gesto pode vir a ter um impacto extremamente positivo ao meio ambiente. Uma garrafa de vidro, por exemplo, demora até 5 mil anos para se decompor. O vidro é 100% reciclável. Ou seja, pode ser reaproveitado. Outros materiais podem e devem ser reciclados como papel, plástico, metais e restos de alimentos (lixo orgânico). Além de amenizar os problemas decorrentes da crescente geração de lixo, a reciclagem é uma vigorosa fonte de geração de trabalho e renda, contribuindo para a retirada de milhares de cidadãos, muitos ainda crianças, que trabalham em lixões ou nas ruas das cidades em condições insalubres.

O Brasil está entre os dez países com maior taxa de reciclagem de papel do mundo. É líder mundial na reciclagem de latas de alumínio, mas os resultados podem ser muito melhor. Dados do IBGE de 2002 apontam que apenas 451 municípios do país fazem coleta seletiva. Grande parte do que se joga no lixo poderia estar em galpões de reciclagem e beneficiando milhares de pessoas. O não-reaproveitamento adequado desses resíduos causa um enorme prejuízo para o país, para o meio ambiente e para a geração de trabalho e renda a milhares de pessoas.

Nessa direção, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, conjuntamente com outros ministérios, entidades e movimentos de catadores, está implantando o projeto Coleta Seletiva Solidária na Esplanada dos Ministérios. Além de sensibilizar os servidores para o tema, o projeto prevê a concessão de terrenos e a construção de galpões para que os catadores possam fazer a seleção dos resíduos sólidos recicláveis de forma digna e organizada. A partir dessa experiência, o presidente Lula institui a coleta seletiva em todos os órgãos do governo federal. São cerca de 4 mil prédios públicos, em todo o país, que geram anualmente cerca de 22 mil toneladas de resíduos propícios à reciclagem. Os prédios federais estão distribuídos em 757 municípios, dos quais em 292 existem 454 cooperativas e associações de catadores.

De forma integrada, o governo abriu uma linha de financiamento, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para a realização de projetos de coleta seletiva de materiais recicláveis. A expectativa é fomentar a geração de mais de cerca de 40 mil postos de trabalho para catadores.

Esperamos que essas ações inspirem outras tantas de governos estaduais e municipais e de líderes da iniciativa privada. A construção de um mundo mais justo e sustentável é tarefa de todos. O exemplo começa em casa.

Kátia Campos é secretária de Articulação Institucional e Parcerias do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.