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| Foto: Nelson Almeida/AFP

Todo o processo que envolveu o julgamento do habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula no Supremo Tribunal Federal foi decepcionante para a maioria dos brasileiros.

Primeiro, porque a fila de habeas corpus no STF foi furada sem explicações em favor do ex-presidente condenado. Segundo, pelo espetáculo burlesco protagonizado pelos ministros, um questionável desfile de vaidades e erudição jurídica, pouco convincente. Terceiro, pelo que resultou o julgamento: a admissão do pedido de habeas corpus e a concessão de um salvo-conduto até o julgamento do mérito no dia 4 de abril. Um balde de água fria naqueles que esperam há muito tempo a prisão de Lula, e um desrespeito às cortes inferiores, impedidas de determinar o cumprimento de uma pena ratificada em segunda instância.

O fato é que o STF armou para si uma armadilha da qual não tem saída. Em 2016, os ministros decidiram que o réu poderá ser preso após condenação em segunda instância. Não imaginavam que menos de dois anos depois teriam nessa situação um ex-presidente da República, que deve ser preso, sem o trânsito em julgado de sua sentença penal. Para Lula, acabou a presunção de inocência.

Lula é hoje um zumbi, moribundo. Não oferece qualquer perigo

A Operação Lava Jato, ao desvendar o tamanho da roubalheira no país, especialmente durante os governos petistas, e por seus métodos inovadores, como as prisões provisórias de empresários e políticos sem prerrogativa de foro, longas entrevistas coletivas em cada fase da operação, conduções coercitivas e delações premiadas, transformou-se em grife. Ganhou a admiração da população e levou ao ativismo político milhões de brasileiros, que outrora nem sequer falavam de política, economia, e menos ainda de processo penal. A sequência de prisões e condenações não alcançou o ex-presidente Lula, chefe da organização criminosa, nas palavras do procurador Deltan Dallagnol.

Todo esse caldo levou a população a uma comoção generalizada, uma exagerada preocupação com o encarceramento de um condenado que sem dúvida alguma será preso, agora ou mais adiante, pouco importa. A menos que ele fuja ou peça asilo em outro país.

É necessário entender que Lula é hoje um zumbi, moribundo, que perambulou pelo Sul do país rodeado por um grupo de fanáticos que tentam enganar a si próprios. Não oferece qualquer perigo. Vejamos:

Opinião da Gazeta: A chance do Supremo

Leia também: Lula poderá eleger seu adversário (artigo de Gilson Alberto Novaes, publicado em 20 de março de 2018)

A Lei da Ficha Limpa impede que condenados em segunda instância sejam candidatos a cargos eletivos. Não há tribunal ou advogado que consiga mudar isso. Portanto, Lula definitivamente não é candidato. Seu partido, o PT, é campeão de rejeição, aprovado unicamente por esquerdistas míopes e fanatizados, que somam pouco mais de 20% dos brasileiros, se tanto. Mas é repelido por mais de 70% da população, o que torna um eventual substituto de Lula inviável eleitoralmente.

Lula não consegue andar pela rua sem ser admoestado, não pode embarcar em um avião comercial. Não conseguiria viajar de ônibus sem enfrentar passageiros enfurecidos. Lula não pode frequentar restaurantes, ir a uma padaria, a um cinema, teatro, igreja, sem que seja xingado e vaiado. O herói do PT e das esquerdas é vilão para o restante do país e só consegue transitar entre os seus. É tido pela maioria dos brasileiros como um renegado, um pária, cuja presença é indesejada em qualquer parte do Brasil. Admitir que ele seja viável eleitoralmente é não dar o devido peso a estas condicionantes.

Diante disso tudo, fica a pergunta. Por que a correria para prender um moribundo que mais dia, menos dia receberá voz de prisão?

A própria Polícia Federal já tem planejada e ensaiada a operação da prisão de Lula, tal a iminência de que ela ocorrerá. Enquanto isso não acontece, deixemo-lo minguando, falando para convertidos, liderando caravanas quixotescas que se locomovem de ônibus e são recebidas com chuva de ovos, proferindo discursos eivados de dor e remorso, desfilando um passado de glórias que poucos reconhecem. Essa imensa mágoa o leva a erros que só pioram sua situação, como agredir o agronegócio, a Justiça brasileira e as lideranças que exigem sua inevitável prisão.

Edson José Ramon, empresário, é presidente do Instituto Democracia e Liberdade (IDL) e ex-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP).
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