Uma criança perde a visão no mundo a cada minuto, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Estima-se que existam mais de 500 mil crianças cegas das quais 25 a 30 mil são brasileiras. Elas são vítimas, principalmente, do baixo acesso aos serviços sociais.
As estatísticas demonstram que a cegueira infantil tem correlação direta com a mortalidade nessa faixa etária. Ainda segundo a OMS, aproximadamente 60% das crianças que residem nos países abaixo da linha da pobreza, correm risco de morrer um ano após ficarem cegas, por fatores como a desnutrição e inexistência de programas de prevenção, de diagnóstico precoce e de tratamento da cegueira que pode ser evitada.
A catarata congênita e a toxoplasmose são dois dos principais exemplos de cegueira na infância. Ambas são detectadas e tratadas precocemente, nos primeiros momentos de vida do bebê, graças ao teste do olhinho que, da mesma forma, contribui para impedir a ocorrência e as complicações de outras doenças oculares.
Apesar de extremamente simples, o teste do olhinho ainda não é rotina em boa parte do Brasil embora já seja obrigatório em alguns estados e capitais. Como resultado, mais da metade dos recém-nascidos no país só têm graves alterações descobertas tardiamente.
A importância das medidas preventivas como o teste do olhinho é um dos principais temas do Dia Mundial da Visão, comemorado hoje em todo o país. A partir dessa data e durante todo o mês de outubro, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) desenvolverá campanhas de prevenção que terão início pelas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Recife, Porto Alegre e Fortaleza e, posteriormente, serão realizadas em outras regiões do país.
As ações preventivas pelo Dia Mundial da Visão integram um projeto social apoiado há muitos anos pelo CBO, juntamente com os seus mais de 11 mil oftalmologistas. Com suas ações, o Conselho procura alertar a sociedade, políticos e órgãos de governo sobre a necessidade urgente de se tomar medidas práticas em prol da saúde ocular. De se implementar estratégias conjuntas destinadas a prevenir, identificar e a tratar precocemente doenças da infância, cujos danos podem provocar desde prejuízos ao aprendizado, até a evolução da cegueira pelo resto da vida, resultando no isolamento social inevitável para milhares de crianças.
Hamilton Moreira é presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
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