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 | Brunno Covello/Arquivo Gazeta do Povo
| Foto: Brunno Covello/Arquivo Gazeta do Povo

O programa Mãe Curitibana, referência internacional de saúde às gestantes, completa neste Dia Internacional da Mulher 18 anos. Chega à maioridade como principal programa de saúde materna do país, diminuindo de forma significativa a mortalidade infantil.

Há diversas razões para o sucesso do programa – replicado em vários estados, como São Paulo, Ceará e Pernambuco, além do próprio Paraná. No entanto, uma das mais importantes é a tranquilidade repassada à mãe, que sabe que seu bebê terá o suporte adequado ao longo e depois da gestação, sabendo inclusive onde acontecerá o parto. A simplificação no atendimento à gestante reduz a ansiedade de toda a família.

Hoje, este modelo – que serviu de base para a formação do Rede Cegonha, do governo federal – tem o reconhecimento de várias agências das Nações Unidas (ONU), como Unicef, OMS e Unesco, e recebeu diversas premiações. Foi levado pela Organização das Nações Unidas e Organização Mundial da Saúde aos países da África e da Ásia para conter o avanço da transmissão vertical do HIV/Aids de mães para filhos.

Ao longo dos anos, este programa foi se aperfeiçoando e ampliando o seu guarda-chuva de proteção

Quando foi criado o programa, na época em que fui secretário municipal de Saúde, o objetivo era atender um sonho das mães: engravidar, ter um parto seguro na rede pública e voltar para casa com um bebê saudável. Com a criação do programa, em 1999, o desejo se tornou realidade. Acabou a angústia das mães que, com o diagnóstico positivo de gravidez, não sabiam onde o filho nasceria e se teriam acesso aos exames do pré-natal.

Ao longo dos anos, este programa foi se aperfeiçoando e ampliando o seu guarda-chuva de proteção. Atualmente, o protocolo de ação do programa, que coordena todos os procedimentos médicos coligados, tem 198 páginas e é atualizado anualmente. Isso permite que o programa seja dinâmico e atenda às novas necessidades da sociedade. Um exemplo disso é redução da transmissão vertical do vírus HIV durante a gestação. As ações do Mãe Curitibana fizeram com que caísse para 3% a proporção de bebês gerados por mães soropositivas. Quando o programa foi criado, em 1999, a mortalidade infantil era de 14,7 óbitos a cada grupo de mil nascidos vivos; em 2011, chegou a menos de 9 óbitos por mil nascidos vivos. Também caiu o número de casos de adolescentes grávidas – de 20% para 14,6%.

A abrangência do programa se deve também à participação de vários parceiros. Hoje há a integração de hospitais vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), da Pastoral da Criança, dos Conselhos de Saúde, até chegar aos movimentos sociais organizados em núcleos residenciais, auxiliando gestantes e jovens mães.

Esse enorme acolhimento da gestante traz a segurança para a mãe. Já no sexto mês de gravidez, ela pode visitar a maternidade onde vai ganhar o bebê, conhecer a equipe médica, a recepção, enfermaria, sala de parto, participa de palestras e recebe orientações. E, quando tem o bebê, ela sai com a consulta agendada na unidade de saúde para acompanhamento pós-parto dela e da saúde da criança.

Os homens também são atendidos pelo Mãe Curitibana. Maridos, namorados, noivos e companheiros das mulheres cadastradas compareceram às consultas médicas iniciais do Pai Presente no pré-natal desde maio de 2009, quando a ação foi implantada. Essa participação do parceiro ajuda também na orientação do planejamento familiar, oferecendo também tratamento de fertilidade, anticoncepcionais, preservativos, laqueadura e vasectomia.

A amplitude do programa pode ser maior. A maioridade do Mãe Curitibana, que trouxe consigo maior experiência ao corpo técnico da prefeitura, irá permitir novos avanços. Este programa é um patrimônio da cidade e está tão enraizado e naturalizado na nossa cidade que hoje é inimaginável não contar com o Mãe Curitibana para dar suporte às novas gestantes e às novas gerações de curitibanos que vão nascer.

Luciano Ducci, médico pediatra e ex-prefeito de Curitiba, é deputado federal pelo PSB.
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