O processo acelerado da evolução tecnológica em todas as áreas da engenharia e a expansão de novas atividades dessa profissão no país surpreenderam grande parte de um setor que operava segundo paradigmas sedimentados e conservadores. Mesmo a construção civil, segmento afeito a técnicas quase artesanais, sofreu verdadeira revolução, incorporando métodos industriais de ponta.

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A atividade é versátil e a formação oferecida pelas várias instituições de ensino, públicas e privadas, tem sido considerada de qualidade. No entanto, todas as divisões da engenharia demandam especialização, conhecimento dedicado e a visão técnica de conjunto – e muitos dos formandos das faculdades trazem as condições básicas para desenvolver essas habilidades, mas é necessária a realização de cursos de aprofundamento, estágios e treinamento que amplie e desenvolva isso.

O Brasil atravessa um momento em que se ressente da falta de trabalhadores desta área e discutem-se propostas de importar engenheiros formados em outros países, a exemplo do acontecido com profissionais da saúde. No entanto, é preciso distinguir as diferenças entre alguns campos do conhecimento que demandam mais profissionais: o programa Mais Médicos, fundamentado na contratação de estrangeiros para trabalhar em regiões desassistidas, veio para tentar preencher uma lacuna deixada por décadas de obstáculos criados por entidades médicas ao aumento da oferta de vagas em cursos de Medicina existentes e à criação de outros.

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Por mais confortável que seja para o profissional de qualquer área a existência de demanda cheia por sua profissão, possibilitando-lhe escolher o local em que deseja trabalhar, isso não é justo para com a população que necessita de seus serviços em locais menos atrativos. No caso específico da Medicina, faltam profissionais com todos os níveis de experiência, inclusive recém-formados sem especialização.

Para suprir a carência de engenheiros, propõe-se solução parecida, com a criação de um programa "Mais Engenheiros". Nesse caso, a falta é de profissionais especializados, com pós-graduação ou vasta formação em serviço, já que os conselhos profissionais nunca impediram a implantação de novos cursos de Engenharia ou o aumento de vagas, e o número de formados acompanhou, de certo modo, o crescimento da população.

O que houve aqui está relacionado ao fato de que os grandes projetos demandantes de trabalhadores sofreram efeitos de sazonalidade e muitos recém-formados afastaram-se das disciplinas essencialmente técnicas – pois os cursos formam também excelentes profissionais para áreas correlatas, o que os torna habilitados a buscar oportunidades em setores de administração, docência, informática, serviço público e outros –, naturalmente procurando cursos de pós-graduação em setores voltados a essas atividades, em detrimento daqueles específicos das engenharias.

A abertura a profissionais de outros países é necessária, e é prática corrente em grande parte do mundo. Entretanto, devemos estar atentos à necessidade de aumentar exponencialmente a formação dos estudantes (de forma a permitir a adequação do egresso aos problemas regionais característicos), de eficiente supervisão por parte do Ministério da Educação e de acompanhamento profissional das entidades de classe.

As oportunidades são muitas para o engenheiro qualificado. Abrem-se horizontes em todos os setores e a ampliação de mestrados e doutorados em especialidades dessas tecnologias será benéfica para o desenvolvimento brasileiro.

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Wanda Camargo, educadora, é assessora da presidência das Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil).

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