Recentemente, os noticiosos nos trouxeram a informação de que oito pessoas morreram em um acidente rodoviário envolvendo uma van de transporte de passageiros e um caminhão de cargas em cuja carroceria transportava um container. Entre as vítimas estavam seis atletas de um clube de remo de Pelotas os quais tinham acabado de conquistar o Campeonato Brasileiro, o seu treinador e o motorista da van. Todos os jovens atletas – meninos e meninas – tinham entre quinze e dezessete anos de idade. Por milagre, um deles escapou e retornou para os braços de seus amigos, seus colegas de projeto e de sua família.
Os demais foram enterrados em túmulos frios nos quais o tempo se encarregará de apagar seus nomes, mas, com certeza, suas lembranças e lembrança da tragédia que os matou, ficarão para sempre no coração de seus pais, seus amigos, seus irmãos seus parentes. Ficarão, com certeza, no coração e na lembrança do povo de sua cidade, do povo do Rio Grande do Sul e do Brasil.
As autoridades ainda estão buscando os motivos pelos quais a tragédia aconteceu. Com todo o respeito à conclusão das autoridades, acredito que as causas de mais esta tragédia de nossas estradas têm origem no Brasil dos anos 1960, quando o governo federal, para incentivar a indústria de transporte de passageiros e de cargas grandes e pequenas, via estrada rodoviárias, começou a desativar nosso sistema de ferrovias e incentivar a produção de veículos de carga de grande porte.
Na década de 1970, o mesmo governo federal sucateou a ferrovia e largou nas estradas inadequadas milhares de grandes caminhões com enorme capacidade de carga que foram aumentando de tamanho chegando, hoje, a termos veículos com duas ou mais carrocerias acopladas, que trafegam por rodovias com péssimas condições de tráfego em todo o Brasil.
Além de lamentarmos as mortes destes inocentes e promissores jovens esportistas e sermos solidários às dores de seus amigos e familiares, também devemos cobrar nossos governantes. Peçamos a Deus que, diante de tantas tragédias históricas, os dirigentes do Brasil possam finalmente agir efetivamente para fiscalizar o tamanho e a capacidade de carga dos veículos de transportes e pensem, no médio prazo, na possibilidade de reativação de nossa malha de ferrovias, tão vasta, tão segura, tão eficiente e tão barata.
Erner Antonio Freitas Machado é consultor financeiro e imobiliário.
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