Matemática. Uma habilidade? Uma facilidade em cálculos? Uma paixão pelos números? Ou, quem sabe, bons professores no decorrer da vida que ensinaram com paixão a maravilhosa magia dos cálculos matemáticos e resolução de problemas?
Ver um brasileiro receber, semanas atrás, o prêmio mais importante da matemática, e perceber que isso teve uma repercussão igual à de um prêmio Nobel, nos faz refletir sobre quais as referências que deram a ele: a paixão pela matemática, o prazer pelo cálculo, pelo exercício racional, calculado e medido?
A matemática é uma disciplina essencial dentro dos conteúdos programáticos a serem trabalhados nas escolas. Essencial porque sem esses conhecimentos nossa vida seria complexa no sentido do entendimento do valor das coisas, do espaço, do tempo e do mundo.
Dentro das escolas, percebemos uma grande dificuldade de encontrar paixão por essa disciplina; temos, inclusive, feito vários trabalhos com pedagogos em sala de aula, desmistificando a matemática.
O desmistificar vem acoplado a um curso de pedagogia fraco no aprendizado da metodologia do ensino matemático, consequentemente, não dando às pedagogas oportunidade de grande conhecimento na área aliás, muitas vezes esse conhecimento é quase nulo, pois elas não gostam da matemática efetivamente.
Didáticas e estratégias para ensinar matemática se fazem necessárias e urgentes, para que desde a educação infantil se possa ensinar a paixão pela matemática, pelos cálculos, pelos problemas e pela resolução de desafios.
Na Escola Atuação, acompanhamos uma evolução maravilhosa nesse sentido. Há cinco anos, temos um projeto denominado "Grandes Conceitos", em que a escola contrata um especialista na área para trabalhar com os alunos do Fundamental I os conceitos matemáticos, orientando inclusive os pedagogos de sala de aula a observar pequenas estratégias que fazem as crianças gostarem da disciplina.
Também são realizadas palestras no auditório, dando ênfase a algum conteúdo específico que está sendo ensinado pela pedagoga. A cada três semanas, uma palestra é ministrada por um especialista que escolheu a matemática como mola mestra de sua vida.
Junto a isso, a cada quatro meses temos encontros com especialistas em matemática que realizam para os professores pequenos workshops, trabalhando com todo o aparato de materiais de que a escola dispõe, em se tratando do lúdico com cálculos etc. Uma verdadeira imersão na matemática, para aumentar o conhecimento dos profissionais na área.
Neste ano, criamos o Clube da Matemática na escola: uma nova ideia que busca manter um grupo estudando efetivamente a disciplina. É um grupo de 36 alunos, com idade entre 11 a 14 anos, que fica na escola, uma vez por semana, para fazer uma aula extracurricular, das 13 às 18 horas, estudando junto com um especialista. O professor lança desafios matemáticos e apresenta conteúdos diferenciados que aprofundam a Matemática, como jogos e revistas especializadas. A ideia é que o clube seja um plus para os estudantes aprimorarem o conhecimento.
O que norteia o Clube da Matemática é a paixão pelos cálculos, problemas e desafios. O clube é formado por alunos escolhidos pelos especialistas da escola, não pelo resultado em provas, mas pelo amor à disciplina. Como recompensa, esses alunos são os tutores dos colegas no horário normal de aula. Eles auxiliam o professor de Matemática e também não necessitam fazer a prova do último bimestre, como vantagem pelo trabalho realizado ao longo do ano.
O resultado desse trabalho aparece no prazer pelo estudo, autonomia na resolução de problemas e mais amor aos cálculos. É da escola a responsabilidade do amor ou desamor ao cálculo matemático, e da família a responsabilidade de motivar as crianças a vencer os desafios e galgar, cada dia mais, os conhecimentos e não apenas as informações de um mundo totalmente digital.
Gostar de cálculo é algo que nasce com o ser humano. Mas perpetuar esse gostar é responsabilidade do professor e da escola.
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