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No instante em que segurei o meu primeiro recém-nascido nos braços, me dei conta da minha grande tarefa como mãe e educadora. Naquele dia, percebi que tinha uma responsabilidade sobre alguém totalmente indefeso e dependente de mim para tudo. Ali, ainda sendo uma jovem mãe, não tinha a visão como um todo, mas pude perceber a minha grande influência e o valor da minha presença para a vida do meu bebê. Hoje, esse meu primeiro bebê já tem dezessete anos. É um jovem formado em homeschooling, já está livre para seguir a sua vocação e para encontrar sua missão no mundo. Depois dele tive a graça de receber mais cinco filhos, tenho cinco meninos e uma menina.
Comecei o texto com esse relato porque comprovei na prática que a maternidade é uma das maiores riquezas deste universo. O padre René Bethleém, em seu clássico Catecismo da Educação, de 1919, nos ensina que depois de Deus, a mãe é a primeira na hierarquia dos educadores. E essa é uma verdade absoluta, pois, as mães são insubstituíveis na vida de seus filhos.
Em 2013, eu e meu esposo escolhemos para nossa família vivenciarmos a educação domiciliar, também chamado homeschooling. Com essa decisão me encontrei ainda mais com a essência da maternidade. Quero ressaltar um princípio basilar para demonstrar que o homeschooling faz parte da natureza humana e familiar. A família é a célula “mater”, a base da sociedade e a primeira instituição criada no universo. Nós pais temos a primazia e a gravíssima obrigação na criação e educação de nossos filhos. O homeschooling nada mais é do que os pais assumirem essa primazia e esse direito natural de educar os filhos em casa.
Como família educadora, vivemos uma verdadeira conversão e mudança de vida. Precisamos trabalhar e nos esforçar para adequar nossa rotina do dia-a-dia, com todos os desafios que envolvem a organização da vida doméstica de uma casa com muitos filhos e com diferentes idades. Ter um bom planejamento nos leva a ter mais disciplina e ordem na vida familiar e também na vida de estudos das crianças. Como já dizia o grande Coelho Neto "É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais".
O amor é o que nos motiva constantemente a lutar e se esforçar para dar o melhor em prol de nossa família. Assumir esse protagonismo na educação domiciliar é sair da plateia e não querer terceirizar o principal emprego de nossas vidas, que é a educação de nossos filhos, afinal, “educar é amar”.
Vickie Farris, mãe de 10 filhos, e homeschooler desde 1971, esposa de Michael Farris, fundador da maior associação de homeschooling do mundo, a HSLDA, nos EUA, disse que um dos principais motivos pela sua opção ao homeschool foi descobrir que “os filhos ganham os seus valores com aqueles que passam a maior parte do tempo”. Eu concordo plenamente com ela. O que temos de mais valioso que a alma de nossos filhos? Nossos filhos são um tesouro que precisamos cuidar e zelar, e a educação domiciliar nos faz assumir essa missão no seu estágio máximo de doação.
Muitas mães, assim como aconteceu comigo, estão despertando para resgatar esses princípios e valores, e decidem assumir o seu papel de educadora por excelência, de ser a protagonista na educação personalizada, conforme as reais necessidades pedagógicas para a formação integral e o pleno desenvolvimento dos filhos. O homeschooling já é uma realidade imparável no Brasil, não somente por já existir desde que o mundo é mundo, mas porque é uma causa que é movida pelo amor às crianças, e principalmente, é um movimento que tem como combustível o amor de mãe, que é o maior deste mundo.
Patrícia Vieira, mãe educadora desde 2013, proprietária da Educando para o Céu - Homeschooling, cofundadora da Associação de Famílias Educadoras de Santa Catarina (AFESC).
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos