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Em dezembro a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) comemorou 25 anos de atuação no Brasil. Mas, afinal de contas, o que é um médico de família e como essa especialidade pode nos ajudar de alguma forma?

A Medicina de Família e Comunidade é uma especialidade calcada em quatro princípios básicos: o primeiro contato da população com o sistema de saúde, o atendimento integral (independente de gênero, idade ou órgão afetado), o acompanhamento do paciente nas diversas especialidades médicas e o atendimento contínuo. Na prática, isso significa que o médico sabe de toda a vida do paciente, então é capaz de agir de forma preventiva. Por exemplo, uma gastrite pode ter origem psicológica e, muitas vezes, a simples medicação não é suficiente – quando o médico acompanha o cotidiano do paciente e sabe que ele está com outras preocupações, o tratamento é muito mais eficaz porque age diretamente na causa.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Mundial dos Médicos de Família (WONCA), os médicos que acompanham o dia-a-dia dos pacientes podem diagnosticar e tratar adequadamente cerca de 90% dos problemas encontrados na população.

Investimentos em cuidados primários tornam o sistema de saúde de um país mais viável financeiramente, mais equilibrado e justo e eleva o nível de saúde da população em geral. No Brasil ainda se tem a idéia de que médico de família só serve às comunidades carentes, mas esse é um conceito equivocado. Na Inglaterra, mais da metade dos médicos do país são general practitioners (denominação local para médicos de família e comunidade). No Canadá e em Cuba eles representam cerca de 60% de toda a classe médica; e na Holanda somam mais de 35%.

Os resultados destes países medidos pela OMS mostram que sociedades atendidas por médicos de família têm sistemas de saúde menos dispendiosos, mais igualitários e eficazes. Não apenas a mortalidade é menor, como também o porcentual de pessoas que sofrem de doenças como asma, bronquite, problemas cardíacos e até câncer. Ainda de acordo com a OMS, isso se explica porque a atenção primária à saúde se dedica à medicina preventiva e mesmo quando as doenças não podem ser evitadas, os diagnósticos costumam ser feitos mais cedo, o que favorece a cura na grande maioria dos casos.

A boa notícia é que o Brasil tem avançado nisso: nos últimos cinco anos foram criadas 80 residências em medicina de família. Hoje o país conta com mais de 20 mil médicos de família e comunidade, mas proporcionalmente sua atuação ainda é bem menor que em países como Holanda, Cuba e Canadá. Outro ponto positivo é que alguns planos de saúde privados no Brasil já acordaram para esta realidade e começam a implantar projetos focados em Medicina de Família e Comunidade para seus associados.

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