A população desocupada no Brasil chegou a 11,8 milhões de pessoas em julho deste ano, de acordo com dados do IBGE. Nos sete primeiros meses de 2016, o país perdeu mais de 600 mil empregos formais. Mas a análise dos índices de desemprego não deve ser vista simplesmente como problema. Emprego está relacionado à legalidade, já o trabalho está relacionado à necessidade.
Quando a legalidade é onerosa, pode até ser eliminada ou reduzida, mas isso não interfere na necessidade, que continua sendo a mesma. O “mundo do trabalho”, termo que utilizamos para contrapor ao “mercado de trabalho”, é muito amplo e abrangente. Está no ambiente público e privado. E sabemos que nele (no mundo do trabalho) existem todas as necessidades, desde as pessoais até as coletivas, de empresariais a governamentais. Não é à toa que hoje, em todo o Brasil, os trabalhadores informais somam cerca de 10 milhões de pessoas, segundo dados de agosto deste ano da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua compilados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
A visão socialista de que o Estado deve ser provedor do sustento do cidadão é distorcida e arcaica
Vivemos em um momento no qual medidas políticas de austeridade têm afetado diretamente a iniciativa privada com a elevada carga tributária, falta de incentivo e políticas trabalhistas. E, em tempos de economia estagnada, o empresariado precisa optar entre manter o negócio ou demitir. Mas o mesmo tem ocorrido no ambiente governamental, no qual concursos têm sido reduzidos e as instituições têm iniciado processos de demissões e extinção de setores, como no caso do Banco do Brasil.
Mas a visão socialista de que o Estado deve ser provedor do sustento do cidadão é distorcida e arcaica. Nem mesmo Cuba enxerga mais assim. É preciso se desprender do Estado, que hoje também luta pela sobrevivência, e buscar a independência. Um cidadão responsável, que quer seu país melhor, não senta à espera do auxílio do governo, da bolsa ou do próximo edital de concurso. O funcionalismo público tende a ser reduzido à medida que os governos percebem que seu inchaço interfere no investimento e na manutenção do que é básico.
Os problemas do mundo têm solução no próprio mundo. Assim como os problemas existentes são diversos, também assim é a população. Diversa em conhecimentos, competências e entendimentos. Portanto, falta cada cidadão deixar de somente responsabilizar o Estado e assumir ações, ter atitude. Quando isso acontece, nasce o que chamamos de empreendedorismo: ao assumir uma responsabilidade de ação para um bem comum, criam-se alternativas e soluções. Esta solução, colocada em prática, desonera o Estado e cria outras necessidades e oportunidades no ambiente privado.
Da mesma forma, não se pode depender unicamente da iniciativa privada, pois esta sofre diretamente os impactos da má gestão política do governo. Por isso, é necessário incentivarmos, como criadores ou consumidores, a “iniciativa privada individual” que nada mais é do que os vários modelos de negócio desenvolvidos a partir de pequenos investimentos, como o comércio de doces caseiros, dos ateliês de costura, dos cervejeiros artesanais, a barraquinha que depois vira food truck. Muitas vezes, em tempos de crise econômica, aquilo que era uma renda extra pode se transformar em renda única e principal.
A mentalidade do cidadão tem se transformado, tornando-se mais crítica quanto à política, mas a consciência mais importante ainda é parar de querer achar o dono da culpa e passar a assumir a postura de responsável pelo seu país. Afinal, quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
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