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Mesmo aquecida e confiante, construção civil tem grandes desafios

Imagem ilustrativa. (Foto: Unsplash)

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O ano de 2020 representou uma reviravolta para a indústria da construção civil. Após anos de resultados ruins, começou a registrar crescimento. Em meio a uma pandemia, entre o segundo semestre de 2020 e o início de 2022, foi um dos setores que mais se manteve aquecido e confiante. Outros também registraram aumento significativo, por conta de uma mudança nos hábitos de consumo, mas a construção civil teve uma trajetória bem particular.

A mesma pandemia, contudo, pressionou os preços dos materiais utilizados nessa indústria. Metais e resinas preocuparam, com impacto, inclusive, no fornecimento. O Índice Nacional de Custo da Construção, da FGV, segue registrando alta, ainda que menos expressiva.

Em maio, o nível de atividade da Indústria da Construção calculado pela CNI esteve até um pouco abaixo dos 50 pontos (em 49,5 pontos), indicando uma leve queda, puxada pelo recuo da área de Obras de Infraestrutura (com 47,5). O Índice de Confiança do Empresário industrial também está positiva, acima dos 50 pontos, na Indústria da Construção. Em relação à mão de obra, grupo com maior participação nos custos da construção residencial, o número de pessoas que trabalham na construção subiu 29,8% nos últimos dois anos e o setor foi um dos responsáveis pela redução na taxa de desemprego do país. Podemos, então, ter um custo elevado nessa área mais por conta do repasse da inflação do que propriamente por falta de mão de obra

Mas o que chama mais atenção neste momento, entretanto, é o Índice de Intenção de Investimento dessa indústria – desde junho de 2021, em patamares abaixo dos 50 pontos, de acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Isso sinaliza que as constantes altas na taxa básica de juros, a Selic, podem, sim, começar a afetar o humor desse mercado.

Faz muito tempo que o Índice de Intenção de Investimento não fica acima dos 50 pontos. Em junho de 2021, estava em 41,6 pontos; em maio deste ano, foi para 44,8; e, em junho de 2022, caiu de novo para 42,3. E isso parece guardar relação com a questão dos juros. Porque quando a gente pensa em investimento, a gente pensa em taxa de juros.

O que chama mais atenção neste momento é o Índice de Intenção de Investimento dessa indústria – desde junho de 2021, em patamares abaixo dos 50 pontos, de acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

No ano passado, bancos públicos e privados cresceram na concessão de crédito imobiliário, com a Caixa Econômica Federal na dianteira. Este, inclusive, tem anunciado ajustes no financiamento. Em março deste ano, porém, de acordo com a Abecip, o crédito imobiliário com recursos da poupança caiu 19,7%, diante do aumento dos juros e da queda na renda média das famílias. No primeiro trimestre, a queda foi de 4,7%.

Já em maio, houve uma alta de 49,2%. Mas, em comparação com o mesmo mês de 2021, tivemos uma queda de 2,5%. Nos cinco primeiros meses de 2022, foram financiados 293,06 mil imóveis com recursos da poupança do SBPE, resultado 11,7% inferior ao de igual período de 2021.

Um estudo sobre os riscos emergentes para a sociedade e os negócios do Instituto Swiss Re também apontou que a inflação e a escassez de matéria-prima podem incentivar o uso de material de baixa qualidade nos imóveis e contratação de mão de obra menos qualificada, impactando o valor dos seguros.

Todo esse cenário, embora tenha consequências positivas, também traz o alerta para quem pretende comprar imóveis agora. Mesmo com estímulos à compra de habitações, como a recente MP que busca desburocratizar a compra de imóveis, os riscos existem e exigem atenção.

Tânia Gofredo é bacharel em Ciências Econômicas com pós-graduação em Administração Financeira (Faculdades Integradas Santana); tem MBA em Economia de Empresas (FEA-USP) e mestrado em Administração de Empresas, Recursos e Desenvolvimento Empresarial (Mackenzie). É responsável pela área de análises econômicas da Plataforma Costdrivers.

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